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Abstract
Trata-se de expor a hipótese segundo a qual a máquina a vapor e a termodinâmica fornecem, das Luzes ao Romantismo, uma metáfora e um modelo epistemológico. Esse modelo pode ser definido por um contraste entre dois polos, frio e quente, cujo antagonismo determina um movimento. Denis Diderot pensa o ser humano como um equilíbrio instável entre a recepção das impressões sensoriais, do exterior ao interior, e a tomada de decisão que determina a ação, do interior ao exterior. O ser sensível é caracterizado pela predominância do primeiro movimento, pelas ondas de calor; o ser de razão e de vontade, pela predominância do segundo movimento, pelo resfriamento que produz um trabalho. O grande comediante, segundo Diderot, é esse ser paradoxal que representa a sensibilidade sem dela sentir nenhum efeito. Sobre esse modelo, a sociedade e a natureza são trabalhadas por tensões que produzem um devir, que se constituem em história. Esse conflito pode se situar entre as raças, entre as nações, entre as classes. Assim se afirmam, na época, uma estética do sublime e uma lógica dialética.
Traduzido por Déborah Spatz e revisado por Clara Castro.