L. Macedo, Demétrio Rocha Pereira, Cássio De Borba Lucas
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Abstract
O artigo analisa a filmografia de Werner Herzog, sobretudo a mais recente (anos 2000 em diante), orientado pela hipótese de que essa filmografia aponta para um cinema da Terra, aqui nomeado geocinema. No que orienta um mapeamento de signos e ideias cinematográficas em filmes como O homem urso (2005), Encontros no fim do Mundo (2007), Visita ao Inferno (2016), Fireball (2020) e outros, tal hipótese consiste em perceber e tornar pensável uma sensibilidade acontecimental da obra herzoguiana acerca das catástrofes climáticas e das relações planetárias entre humanos e outros modos de existência. Esse pensamento geocinematográfico se faz notório a partir de três ideias audiovisuais: uma tensão entre o Pequeno e o Grande, com que a diferença de escala evidencia limites e potencialidades da relação entre o humano e o além-do-humano; um encontro com o acontecimento de Gaia, que torna visível a indiferença catastrófica da Terra para com a humanidade; um enciclopedismo perspectivista, que coleciona personagens atraídos por zonas abismais. As três ideias se traduzem à luz da filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari, que descreve os atos de criação artísticos não a partir de sua materialidade fenomênica, mas de ideias, como de operações singulares de pensamento que povoam as obras. Assim, a análise dessas intensidades ideais leva a considerar que o pensamento geocinematográfico que permeia os filmes de Werner Herzog indica modos de conviver com a catástrofe desde uma ética sensível do acontecimento.