A soberania será algum dia descontruída?

Perspectivas Pub Date : 2024-07-18 DOI:10.20873/rpv9n1-00
Catherine Malabou
{"title":"A soberania será algum dia descontruída?","authors":"Catherine Malabou","doi":"10.20873/rpv9n1-00","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em uma entrevista de 1977, Michel Foucault argumenta que é necessário criar uma filosofia política desvinculada do conceito de soberania, já que “cortar a cabeça do rei” é impossível na teoria política. Democracias ocidentais ainda estão conectadas a esse modelo político e jurídico. Não há soberania sem um soberano. Surge, assim, a necessidade de desconstruir a soberania na filosofia contemporânea. Catherine Malabou afirma que filósofos como Foucault, Derrida e Agamben fracassaram nesse objetivo, pois ao tentar definir o que resiste à soberania, acabam permitindo sua continuidade. Malabou volta-se justamente na biopolítica, conceito introduzido por Foucault e reformulado por Agamben e Derrida, caracterizado como um poder centrado no controle da vida. Para desconstruir a biopolítica, é necessário um ponto de intersecção entre biologia e história, no qual se encontrem o sujeito político e ser vivo. No entanto, para Foucault, Agamben e Derrida, a biologia está sempre ligada à soberania, apresentada como ciência que transgride seus limites para controlar a vida. O argumento de Malabou aponta para o fato de que qualquer resistência biológica ao biopoder é impossível, pois a determinação biológica da vida deve ser transgredida. Ela propõe a existência de dois conceitos de vida: a vida biológica e a vida simbólica, com a última revelando o potencial de resistência. Para a autora, novas categorias biológicas, como a epigenética, podem ajudar a encontrar um novo materialismo. A epigenética, segundo ela, resiste à redução política da biologia a mero veículo de poder, revelando a intrincada relação entre o biológico e o simbólico, sem transgressão do biológico. A plasticidade dialética da diferença, em vez da indiferença simbólica, seria a forma mais eficiente de desconstruir a soberania, destacando o alcance revolucionário dos mecanismos biológicos, especialmente a epigênese. \n ","PeriodicalId":32338,"journal":{"name":"Perspectivas","volume":" 84","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-07-18","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Perspectivas","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20873/rpv9n1-00","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

Em uma entrevista de 1977, Michel Foucault argumenta que é necessário criar uma filosofia política desvinculada do conceito de soberania, já que “cortar a cabeça do rei” é impossível na teoria política. Democracias ocidentais ainda estão conectadas a esse modelo político e jurídico. Não há soberania sem um soberano. Surge, assim, a necessidade de desconstruir a soberania na filosofia contemporânea. Catherine Malabou afirma que filósofos como Foucault, Derrida e Agamben fracassaram nesse objetivo, pois ao tentar definir o que resiste à soberania, acabam permitindo sua continuidade. Malabou volta-se justamente na biopolítica, conceito introduzido por Foucault e reformulado por Agamben e Derrida, caracterizado como um poder centrado no controle da vida. Para desconstruir a biopolítica, é necessário um ponto de intersecção entre biologia e história, no qual se encontrem o sujeito político e ser vivo. No entanto, para Foucault, Agamben e Derrida, a biologia está sempre ligada à soberania, apresentada como ciência que transgride seus limites para controlar a vida. O argumento de Malabou aponta para o fato de que qualquer resistência biológica ao biopoder é impossível, pois a determinação biológica da vida deve ser transgredida. Ela propõe a existência de dois conceitos de vida: a vida biológica e a vida simbólica, com a última revelando o potencial de resistência. Para a autora, novas categorias biológicas, como a epigenética, podem ajudar a encontrar um novo materialismo. A epigenética, segundo ela, resiste à redução política da biologia a mero veículo de poder, revelando a intrincada relação entre o biológico e o simbólico, sem transgressão do biológico. A plasticidade dialética da diferença, em vez da indiferença simbólica, seria a forma mais eficiente de desconstruir a soberania, destacando o alcance revolucionário dos mecanismos biológicos, especialmente a epigênese.  
主权会被解构吗?
米歇尔-福柯在 1977 年的一次访谈中认为,有必要创建一种脱离主权概念的政治哲学,因为在政治理论中 "砍掉国王的脑袋 "是不可能的。西方民主国家仍然与这种政治和法律模式有关。没有君主就没有主权。因此,需要在当代哲学中解构主权。凯瑟琳-马拉博(Catherine Malabou)说,福柯、德里达和阿甘本等哲学家未能实现这一目标,因为他们在试图定义什么是主权的反抗者时,最终却允许主权继续存在。马拉博正是转向了生物政治学,这一概念由福柯提出,并由阿甘本和德里达重新阐释,其特点是以控制生命为中心的权力。为了解构生物政治学,我们需要一个生物学与历史学的交汇点,即政治主体与生命体的交汇点。然而,在福柯、阿甘本和德里达看来,生物学总是与主权联系在一起,是一门为了控制生命而超越自身局限的科学。马拉博的论点指出,任何生物学对生物权力的抵抗都是不可能的,因为生命的生物学决定必须被超越。她提出了两种生命概念:生物生命和符号生命,后者揭示了抵抗的潜力。作者认为,新的生物学范畴,如表观遗传学,有助于找到新的唯物主义。她说,表观遗传学抵制了将生物学仅仅简化为权力工具的政治做法,揭示了生物学与符号学之间错综复杂的关系,同时又不超越生物学。差异的辩证可塑性,而不是象征性的漠不关心,将是解构主权的最有效方式,突出了生物机制,特别是表观遗传学的革命性范围。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
16
审稿时长
4 weeks
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:481959085
Book学术官方微信