M. Dias, Jaqueline Medeiros Silva Calafate, P. H. Léda, Isabel Cristina Alves Xavier Araujo Xukuru, Verônica Cristiane Lopes de Aquino Pankará, Edna Valéria Lima Maciel Xukuru
{"title":"Medicalizando o machismo: reflexões sobre o cuidado com as Mulheres Xukuru do Ororubá","authors":"M. Dias, Jaqueline Medeiros Silva Calafate, P. H. Léda, Isabel Cristina Alves Xavier Araujo Xukuru, Verônica Cristiane Lopes de Aquino Pankará, Edna Valéria Lima Maciel Xukuru","doi":"10.54033/cadpedv21n7-126","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O artigo buscou lançar luz sobre as condições de saúde das mulheres indígenas Xukuru do Ororubá (Pernambuco), com um foco especial na relação entre seu adoecimento e as condições sociais moldadas pelo machismo estrutural em suas comunidades. Por meio de escuta e diálogos com profissionais de saúde e análises das suas vivências e experiências, investigamos o modo como as relações de gênero, produto de um patriarcado de alto intensidade, tem afetado a saúde mental dessas mulheres indígenas. Para tanto, é necessário discutir os sentidos e significados atribuídos aquilo que denominamos de machismo estrutural das sociedades envolventes historicamente patriarcais. Chamou a atenção a forma como se organizam as relações de poder entre homens e mulheres tem provocado adoecimentos e desordens psíquicas, desempenhando um papel crucial nos desafios de saúde enfrentados pelas equipes. As histórias compartilhadas pelas mulheres indígenas Xukuru do Ororubá denunciam ainda, a forma como elas vem passando pelo ciclo de medicalização da violência sofrida, por meio de um aumento expressivo do uso indiscriminado de psicotrópicos. O fio condutor deste debate foi o questionamento das profissionais da saúde em relação ao uso excessivo de medicações psicotrópicas e sua possível ligação com as relações de dominação masculina e violências vividas e silenciadas por essas mulheres, buscando dessa maneira, compreender como é produzido o adoecimento mental nas mulheres Xukuru do Ororubá e identificando como elemento principal a conversão de uma cultura patriarcal numa sociedade vulnerabilizada e estigmatizada, na qual as mulheres tornam-se as vítimas mais afetadas por essa cultura colonial, dominante e hegemônica onde predomina o poder masculino.","PeriodicalId":474250,"journal":{"name":"Caderno Pedagógico","volume":"49 6","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-07-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Caderno Pedagógico","FirstCategoryId":"0","ListUrlMain":"https://doi.org/10.54033/cadpedv21n7-126","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
O artigo buscou lançar luz sobre as condições de saúde das mulheres indígenas Xukuru do Ororubá (Pernambuco), com um foco especial na relação entre seu adoecimento e as condições sociais moldadas pelo machismo estrutural em suas comunidades. Por meio de escuta e diálogos com profissionais de saúde e análises das suas vivências e experiências, investigamos o modo como as relações de gênero, produto de um patriarcado de alto intensidade, tem afetado a saúde mental dessas mulheres indígenas. Para tanto, é necessário discutir os sentidos e significados atribuídos aquilo que denominamos de machismo estrutural das sociedades envolventes historicamente patriarcais. Chamou a atenção a forma como se organizam as relações de poder entre homens e mulheres tem provocado adoecimentos e desordens psíquicas, desempenhando um papel crucial nos desafios de saúde enfrentados pelas equipes. As histórias compartilhadas pelas mulheres indígenas Xukuru do Ororubá denunciam ainda, a forma como elas vem passando pelo ciclo de medicalização da violência sofrida, por meio de um aumento expressivo do uso indiscriminado de psicotrópicos. O fio condutor deste debate foi o questionamento das profissionais da saúde em relação ao uso excessivo de medicações psicotrópicas e sua possível ligação com as relações de dominação masculina e violências vividas e silenciadas por essas mulheres, buscando dessa maneira, compreender como é produzido o adoecimento mental nas mulheres Xukuru do Ororubá e identificando como elemento principal a conversão de uma cultura patriarcal numa sociedade vulnerabilizada e estigmatizada, na qual as mulheres tornam-se as vítimas mais afetadas por essa cultura colonial, dominante e hegemônica onde predomina o poder masculino.