Klinsman de Castro Ribeiro Silva Dos Santos, J. Adeodato
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Abstract
O presente trabalho propõe-se a discutir como os legados da colonialidade reverberam até hoje de maneira intensa no Brasil, em especial no que diz respeito à tensão racial. A partir da categorização dos seres humanos baseadas na cor da pele, que surgiu a partir da colonização das Américas pelos europeus, os sujeitos não brancos ficaram numa situação de vulnerabilidade social significativa. A cor da pele constitui uma síntese retórica estratégica para, desde o período colonial, orquestrar a estrutura social de forma a privilegiar o arquétipo físico do colonizador em posições de destaque político e econômico. Por este motivo, à população negra foram reservados os lugares nos estratos sociais mais baixos, além da sujeição a vulnerabilidades de toda ordem, em especial na garantia e efetividade de direitos sociais. Em que pese a realidade empírica brasileira, contudo, há um discurso que nega esses fatos, como estratégia para deslegitimar qualquer desenvolvimento de políticas voltadas para a inclusão racial. Esses argumentos baseiam-se ideologicamente numa suposta cordialidade racial, que vai contra o histórico de opressão que grupos raciais subalternizados sempre experimentaram na história brasileira. Assim, o objetivo é demonstrar que a democracia racial é um mito e que o discurso antirracista é estratégia necessária para promover uma redução de desigualdades e uma reparação histórica no Brasil.