Dosier: “Álbumes del exilio: música popular, política y experiencias”

Sheyla Castro Diniz, M. Fraguas, Rodrigo Pezzonia
{"title":"Dosier: “Álbumes del exilio: música popular, política y experiencias”","authors":"Sheyla Castro Diniz, M. Fraguas, Rodrigo Pezzonia","doi":"10.53689/cp.v6i1.247","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Na atualidade, o exílio tende a ser tratado pelo seu viés resistente e de luta política, mas nunca deixando de lado as experiências e relações sociais que permeiam a condição do exilado. É sob esse ângulo que o exílio é hoje uma temática relativamente bem examinada na literatura acadêmica, com realce para os casos latino-americanos. Os regimes ditatoriais em países do Cone Sul da América na segunda metade do século XX, sobretudo durante as décadas de 1960 e 70 em meio à Guerra Fria, impeliram ao exílio forçado ou voluntário milhares de militantes políticos, intelectuais e artistas de oposição a regimes militares. Dentre os artistas, os intérpretes e compositores vinculados à música popular estão entre aqueles que mais vivenciaram a desterritorialidade, considerando o embate de suas obras e/ou posicionamentos com o poder instituído e o alcance midiático e fonográfico de suas produções num contexto de grande agitação política e sociocultural. \nNo Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque são casos emblemáticos – mas não os únicos, como este dossiê demonstra – de músicos exilados durante o período da ditadura militar (1964-1985). Emblemáticos, pois, além de artistas unanimemente reconhecidos, o modo como cada qual lidou com esse processo e as diferentes condições que o envolveram atestam o quão plural e, a um só tempo, única é a experiência do exílio. Este pode ser vivenciado de distintas formas a depender das circunstâncias sob as quais se deu a partida do país de origem e de como se dá – ou não – a adaptação no país de acolhida. Sua geografia, cultura, costumes, idioma e outras tantas variáveis como a própria personalidade do exilado podem abrandar, ou não, os efeitos do desterro. \nArautos da contracultura e, por isso, agitadores culturais licenciosos aos olhos do regime militar, os tropicalistas Gil e Caetano passaram por várias etapas até à expulsão do Brasil em 1969. Foram encarcerados, depois vigiados em prisão domiciliar e então “convidados” pelos militares a deixarem o país. Antes disso, foram autorizados a realizar um show de despedida para angariar recursos e custear a própria partida forçada. Os dois anos e meio de exílio em Londres, encarados por cada um à sua maneira e permeados por adversidades e superações, renderam os LPs Gilberto Gil e Caetano Veloso, ambos de 1971. Caetano ainda gravou Transa, lançado no Brasil, em 1972, concomitantemente ao seu retorno definitivo ao país. Já Chico Buarque, expoente da canção engajada e um dos compositores mais censurados pela ditadura no Brasil, só compreendeu sua condição de exilado quando já estava no exterior. Em viagem a Roma, em 1969, foi alertado para que não regressasse, pois a repressão estava em seu encalço. Morou na Itália durante quase um ano sem oportunidades significativas de trabalho. Concebido nesse período, seu LP Chico Buarque de Hollanda n.º 4 foi lançado no Brasil, em 1970, quando o músico volta à terra natal.  \nEsses e outros “álbuns do exílio” de ícones da música brasileira, analisados com detalhes em outras ocasiões pelos organizadores deste dossiê, motivaram a presente proposta visando a estabelecer diálogos com demais pesquisadores do tema na América Latina e no Caribe. Tanto a questão do exílio quanto o vasto campo de estudos sobre a música popular acumulam, hoje em dia, inúmeras contribuições e marcos teóricos e metodológicos. Concebê-los, no entanto, sob uma perspectiva interdisciplinar consiste ainda num grande desafio, especialmente no que se refere às produções fonográficas. Tal desafio é enfrentado sob diferentes abordagens nos quatro artigos reunidos no dossiê, possibilitando aos leitores conhecer trajetórias e experiências de músicos cujos exílios, sob distintas circunstâncias políticas e sociais, impactaram e/ou condicionaram a elaboração de álbuns e composições. \nAbrindo o dossiê, Igor Lemos traz à tona a questão do exílio cubano, assunto ainda pouco explorado por pesquisadores brasileiros, como é o seu caso, e por pesquisadores latino-americanos de modo geral, mais centrados nos contextos de ditaduras militares no Cone Sul. Em “Exílio, cubanidades inventadas e anticastrismo em Gloria Estefan: apontamentos sobre o álbum Mi tierra”, o autor desenvolve análises originais sobre um álbum de uma cantora pop de origem cubana, radicada com a família nos Estados Unidos desde a infância e não raras vezes estigmatizada por seus posicionamentos políticos à direita. Para Lemos, Mi tierra (1993) procurou reforçar certa identidade cubana projetada por comunidades exiladas. Isso, em larga medida, devido a um sentimento de nostalgia articulado nas canções e nas sonoridades do álbum como representação de uma Cuba prérevolucionária, num momento em que a ilha, naqueles anos de 1990, vivia o conturbado “período especial”. Conforme Lemos, Mi tierra consagrou Gloria Estefan como uma das porta-vozes dessas comunidades exiladas, nostálgicas de uma Cuba idealizada e afinadas com o discurso anticastrista. \nImilka Fernández segue com reflexões acerca do exílio de músicos cubanos, somando-se ao crescente interesse sobre o tema. “Imaginarios e hibridaciones en Paquito D’Rivera”, seu artigo destaca a figura do reconhecido e premiado saxofonista e clarinetista, outro que, além de pouco pesquisado, converteu-se, citando a autora, “en uno de los más activos críticos de la Revolución Cubana […] y desde entonces su música ha sido silenciada y omitida del panorama musical cubano dentro de la isla hasta el presente”. Como resume o título, Fernández discute os processos de hibridação no repertório de D’Rivera a partir do exílio nos Estados Unidos nos anos de 1980, quando o instrumentista inevitavelmente assimila novos horizontes musicais que passam a caracterizar sua linguagem, via de regra associada ao rótulo de “jazz latino”. A análise de duas de suas composições (Panamericana suite e The elephant and the clown) sustenta o argumento de que tais processos e a articulação de imaginários em torno deles são orientados pela música popular tradicional cubana e latino-americana, pela música popular urbana estadunidense e também pela música acadêmica de tradição escrita. \nDe Aldo Luiz Leoni, Fernando Tavares e Diósnio Machado Neto, o terceiro artigo – “‘De outras terras e outras línguas te acordar’: Taiguara, a música como campo de batalha” – ilumina aspectos biográficos de Taiguara em relação aos seus álbuns e canções e à censura política que recaiu sobre esse músico brasileiro de origem uruguaia, outro nome ainda pouco estudado e conhecido. A partir da ideia de “exílio artístico”, os autores elucidam como a ditadura militar no Brasil tornou praticamente impossível que Taiguara trabalhasse como músico no país. Exploram fatos como a censura que ele incrivelmente também sofreu já vivendo na Inglaterra e direcionam parte de suas análises para o álbum Imyra, Tayra, Ipy – Taiguara (1976), lançado pela gravadora EMI-Odeon no Brasil, mas rapidamente retirado de circulação pela censura. Buscam costurar o contexto político com a vida e a obra desse artista que acabou se afastando da carreira musical e do Brasil rumo à Tanzânia, onde continuaria se politizando como jornalista e de onde só retornaria, com um novo álbum, na década de 1980, período marcado pela redemocratização brasileira. \nà Tanzânia, onde continuaria se politizando como jornalista e de onde só retornaria, com um novo álbum, na década de 1980, período marcado pela redemocratização brasileira. No quarto e derradeiro artigo, “‘Porque mañana se abrirán las alamedas’ – la experiencia exiliar de los músicos chilenos en México...”, Candelaria María Luque situa o México no mapa dos países de acolhida para músicos e demais chilenos exilados pósgolpe militar de 1973, haja vista a maioria das pesquisas sobre os exílios chilenos no contexto ditatorial ser direcionada para experiências vividas na Europa. A autora mobiliza fontes orais, documentos escritos, imagens e álbuns para demonstrar e analisar como se efetivou, no México, redes de apoio e solidariedade e um espaço dinâmico de resistência político-musical para artistas vinculados ao movimento da Nova Canção Chilena, destacando Ángel Parra e grupo Illapu, personagens centrais de suas análises. \nNosso dossiê também conta com um texto-testemunho de José Luis Vergara: “Concierto de Quilapayún en el Palau Blaugrana de Barcelona, organizado por Agermanament el 20 y 21 septiembre de 1974”. Através de suas memórias, acompanhamos as primeiras apresentações do Quilapayún, outro importante grupo musical chileno, na cidade de Barcelona, numa Espanha ainda sob a ditadura franquista. O autor foi coordenador dessas apresentações quando militava numa agremiação católica de esquerda chamada Agermanament. Em diálogo com o artigo precedente, chama a atenção para a potência da música no que concerne à ativação de redes de solidariedade para com chilenos exilados. \nPara nós, organizadores, é imensamente satisfatório ter reunido e apresentar esse material como resultado do dossiê, cujos artigos e relato memorialístico entrecruzam exílios, músicos e produções fonográficas em itinerários diversos envolvendo países como Cuba, Estados Unidos, Brasil, Chile, México, Espanha, Inglaterra, Tanzânia e outros mais. Esperamos que os leitores se sintam instigados e que a iniciativa concretizada possa auxiliar pesquisadores dentro e fora da América Latina e incentivar novos estudos sobre essa temática de caráter interdisciplinar. Agradecemos sinceramente às autoras e autores que nos confiaram seus textos, aos pareceristas convidados e ao excelente trabalho editorial da Contrapulso que prontamente acolheu nossa proposta. 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Abstract

Na atualidade, o exílio tende a ser tratado pelo seu viés resistente e de luta política, mas nunca deixando de lado as experiências e relações sociais que permeiam a condição do exilado. É sob esse ângulo que o exílio é hoje uma temática relativamente bem examinada na literatura acadêmica, com realce para os casos latino-americanos. Os regimes ditatoriais em países do Cone Sul da América na segunda metade do século XX, sobretudo durante as décadas de 1960 e 70 em meio à Guerra Fria, impeliram ao exílio forçado ou voluntário milhares de militantes políticos, intelectuais e artistas de oposição a regimes militares. Dentre os artistas, os intérpretes e compositores vinculados à música popular estão entre aqueles que mais vivenciaram a desterritorialidade, considerando o embate de suas obras e/ou posicionamentos com o poder instituído e o alcance midiático e fonográfico de suas produções num contexto de grande agitação política e sociocultural. No Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque são casos emblemáticos – mas não os únicos, como este dossiê demonstra – de músicos exilados durante o período da ditadura militar (1964-1985). Emblemáticos, pois, além de artistas unanimemente reconhecidos, o modo como cada qual lidou com esse processo e as diferentes condições que o envolveram atestam o quão plural e, a um só tempo, única é a experiência do exílio. Este pode ser vivenciado de distintas formas a depender das circunstâncias sob as quais se deu a partida do país de origem e de como se dá – ou não – a adaptação no país de acolhida. Sua geografia, cultura, costumes, idioma e outras tantas variáveis como a própria personalidade do exilado podem abrandar, ou não, os efeitos do desterro. Arautos da contracultura e, por isso, agitadores culturais licenciosos aos olhos do regime militar, os tropicalistas Gil e Caetano passaram por várias etapas até à expulsão do Brasil em 1969. Foram encarcerados, depois vigiados em prisão domiciliar e então “convidados” pelos militares a deixarem o país. Antes disso, foram autorizados a realizar um show de despedida para angariar recursos e custear a própria partida forçada. Os dois anos e meio de exílio em Londres, encarados por cada um à sua maneira e permeados por adversidades e superações, renderam os LPs Gilberto Gil e Caetano Veloso, ambos de 1971. Caetano ainda gravou Transa, lançado no Brasil, em 1972, concomitantemente ao seu retorno definitivo ao país. Já Chico Buarque, expoente da canção engajada e um dos compositores mais censurados pela ditadura no Brasil, só compreendeu sua condição de exilado quando já estava no exterior. Em viagem a Roma, em 1969, foi alertado para que não regressasse, pois a repressão estava em seu encalço. Morou na Itália durante quase um ano sem oportunidades significativas de trabalho. Concebido nesse período, seu LP Chico Buarque de Hollanda n.º 4 foi lançado no Brasil, em 1970, quando o músico volta à terra natal.  Esses e outros “álbuns do exílio” de ícones da música brasileira, analisados com detalhes em outras ocasiões pelos organizadores deste dossiê, motivaram a presente proposta visando a estabelecer diálogos com demais pesquisadores do tema na América Latina e no Caribe. Tanto a questão do exílio quanto o vasto campo de estudos sobre a música popular acumulam, hoje em dia, inúmeras contribuições e marcos teóricos e metodológicos. Concebê-los, no entanto, sob uma perspectiva interdisciplinar consiste ainda num grande desafio, especialmente no que se refere às produções fonográficas. Tal desafio é enfrentado sob diferentes abordagens nos quatro artigos reunidos no dossiê, possibilitando aos leitores conhecer trajetórias e experiências de músicos cujos exílios, sob distintas circunstâncias políticas e sociais, impactaram e/ou condicionaram a elaboração de álbuns e composições. Abrindo o dossiê, Igor Lemos traz à tona a questão do exílio cubano, assunto ainda pouco explorado por pesquisadores brasileiros, como é o seu caso, e por pesquisadores latino-americanos de modo geral, mais centrados nos contextos de ditaduras militares no Cone Sul. Em “Exílio, cubanidades inventadas e anticastrismo em Gloria Estefan: apontamentos sobre o álbum Mi tierra”, o autor desenvolve análises originais sobre um álbum de uma cantora pop de origem cubana, radicada com a família nos Estados Unidos desde a infância e não raras vezes estigmatizada por seus posicionamentos políticos à direita. Para Lemos, Mi tierra (1993) procurou reforçar certa identidade cubana projetada por comunidades exiladas. Isso, em larga medida, devido a um sentimento de nostalgia articulado nas canções e nas sonoridades do álbum como representação de uma Cuba prérevolucionária, num momento em que a ilha, naqueles anos de 1990, vivia o conturbado “período especial”. Conforme Lemos, Mi tierra consagrou Gloria Estefan como uma das porta-vozes dessas comunidades exiladas, nostálgicas de uma Cuba idealizada e afinadas com o discurso anticastrista. Imilka Fernández segue com reflexões acerca do exílio de músicos cubanos, somando-se ao crescente interesse sobre o tema. “Imaginarios e hibridaciones en Paquito D’Rivera”, seu artigo destaca a figura do reconhecido e premiado saxofonista e clarinetista, outro que, além de pouco pesquisado, converteu-se, citando a autora, “en uno de los más activos críticos de la Revolución Cubana […] y desde entonces su música ha sido silenciada y omitida del panorama musical cubano dentro de la isla hasta el presente”. Como resume o título, Fernández discute os processos de hibridação no repertório de D’Rivera a partir do exílio nos Estados Unidos nos anos de 1980, quando o instrumentista inevitavelmente assimila novos horizontes musicais que passam a caracterizar sua linguagem, via de regra associada ao rótulo de “jazz latino”. A análise de duas de suas composições (Panamericana suite e The elephant and the clown) sustenta o argumento de que tais processos e a articulação de imaginários em torno deles são orientados pela música popular tradicional cubana e latino-americana, pela música popular urbana estadunidense e também pela música acadêmica de tradição escrita. De Aldo Luiz Leoni, Fernando Tavares e Diósnio Machado Neto, o terceiro artigo – “‘De outras terras e outras línguas te acordar’: Taiguara, a música como campo de batalha” – ilumina aspectos biográficos de Taiguara em relação aos seus álbuns e canções e à censura política que recaiu sobre esse músico brasileiro de origem uruguaia, outro nome ainda pouco estudado e conhecido. A partir da ideia de “exílio artístico”, os autores elucidam como a ditadura militar no Brasil tornou praticamente impossível que Taiguara trabalhasse como músico no país. Exploram fatos como a censura que ele incrivelmente também sofreu já vivendo na Inglaterra e direcionam parte de suas análises para o álbum Imyra, Tayra, Ipy – Taiguara (1976), lançado pela gravadora EMI-Odeon no Brasil, mas rapidamente retirado de circulação pela censura. Buscam costurar o contexto político com a vida e a obra desse artista que acabou se afastando da carreira musical e do Brasil rumo à Tanzânia, onde continuaria se politizando como jornalista e de onde só retornaria, com um novo álbum, na década de 1980, período marcado pela redemocratização brasileira. à Tanzânia, onde continuaria se politizando como jornalista e de onde só retornaria, com um novo álbum, na década de 1980, período marcado pela redemocratização brasileira. No quarto e derradeiro artigo, “‘Porque mañana se abrirán las alamedas’ – la experiencia exiliar de los músicos chilenos en México...”, Candelaria María Luque situa o México no mapa dos países de acolhida para músicos e demais chilenos exilados pósgolpe militar de 1973, haja vista a maioria das pesquisas sobre os exílios chilenos no contexto ditatorial ser direcionada para experiências vividas na Europa. A autora mobiliza fontes orais, documentos escritos, imagens e álbuns para demonstrar e analisar como se efetivou, no México, redes de apoio e solidariedade e um espaço dinâmico de resistência político-musical para artistas vinculados ao movimento da Nova Canção Chilena, destacando Ángel Parra e grupo Illapu, personagens centrais de suas análises. Nosso dossiê também conta com um texto-testemunho de José Luis Vergara: “Concierto de Quilapayún en el Palau Blaugrana de Barcelona, organizado por Agermanament el 20 y 21 septiembre de 1974”. Através de suas memórias, acompanhamos as primeiras apresentações do Quilapayún, outro importante grupo musical chileno, na cidade de Barcelona, numa Espanha ainda sob a ditadura franquista. O autor foi coordenador dessas apresentações quando militava numa agremiação católica de esquerda chamada Agermanament. Em diálogo com o artigo precedente, chama a atenção para a potência da música no que concerne à ativação de redes de solidariedade para com chilenos exilados. Para nós, organizadores, é imensamente satisfatório ter reunido e apresentar esse material como resultado do dossiê, cujos artigos e relato memorialístico entrecruzam exílios, músicos e produções fonográficas em itinerários diversos envolvendo países como Cuba, Estados Unidos, Brasil, Chile, México, Espanha, Inglaterra, Tanzânia e outros mais. Esperamos que os leitores se sintam instigados e que a iniciativa concretizada possa auxiliar pesquisadores dentro e fora da América Latina e incentivar novos estudos sobre essa temática de caráter interdisciplinar. Agradecemos sinceramente às autoras e autores que nos confiaram seus textos, aos pareceristas convidados e ao excelente trabalho editorial da Contrapulso que prontamente acolheu nossa proposta. Boa leitura!
档案材料:"流亡专辑:流行音乐、政治和经历"。
如今,人们往往从抵抗和政治斗争的角度来看待流亡问题,但也从未忽略流亡者的经历和社会关系。正是从这一角度出发,流亡成为学术文献中一个相对较好的研究课题,重点是拉丁美洲的案例。20 世纪下半叶,特别是上世纪六七十年代冷战期间,南锥体国家的独裁政权迫使成千上万反对军事政权的政治活动家、知识分子和艺术家被迫或自愿流亡。在这些艺术家中,与流行音乐有关的表演者和作曲家经历了最严重的 "去领土化",因为在政治和社会文化大动荡的背景下,他们的作品和/或立场与当权者发生了冲突,他们的作品在媒体和唱片上的影响力也受到了影响。在巴西,卡埃塔诺-维罗索(Caetano Veloso)、吉尔贝托-吉尔(Gilberto Gil)和奇科-布阿尔克(Chico Buarque)是军事独裁时期(1964-1985 年)被流放的音乐家的典型事例,但并非唯一的事例。他们之所以具有象征意义,是因为他们不仅是一致公认的艺术家,而且他们每个人应对这一过程的方式以及围绕这一过程的不同条件都证明了流亡经历是多么多元,同时又是多么独特。根据离开原籍国时的环境以及他们在东道国的适应与否,流亡经历会以不同的方式呈现。东道国的地理、文化、风俗、语言和许多其他变量,如流亡者自身的个性,可能会也可能不会缓和流亡的影响。热带音乐家吉尔和卡埃塔诺是反主流文化的先驱,因此在军政府眼中是放荡不羁的文化煽动者,他们经历了不同阶段,直到 1969 年被驱逐出巴西。他们先后被监禁、软禁,然后被军方 "邀请 "离开巴西。在此之前,他们获准举办一场告别音乐会,以筹集资金,支付被迫离境的费用。在伦敦流亡的两年半时间里,他们以各自的方式面对逆境,克服困难,于 1971 年录制了《吉尔贝托-吉尔》和《卡埃塔诺-维罗索》两张专辑。卡埃塔诺还录制了《Transa》,于 1972 年在巴西发行,与此同时,他最终回到了巴西。奇科-布阿尔克(Chico Buarque)是从事歌曲创作的代表人物,也是最受巴西独裁政权审查的作曲家之一。1969 年,当他前往罗马时,有人警告他不要再回来,因为镇压已经盯上了他。他在意大利生活了将近一年,没有任何重要的工作机会。在此期间,他创作了第 4 张唱片《Chico Buarque de Hollanda n.º4》,并于 1970 年返回祖国后在巴西发行。 这些专辑和其他巴西音乐代表人物的 "流亡专辑",本资料汇编的组织者曾在其他场合进行过详细分析,这些专辑促使我们提出这一建议,以期与拉丁美洲和加勒比地区的其他研究人员就这一主题开展对话。流亡问题和当今广阔的流行音乐研究领域都积累了无数的研究成果以及理论和方法框架。然而,从跨学科的角度来构思它们仍然是一项重大挑战,尤其是在录音制品方面。档案中的四篇文章从不同角度探讨了这一挑战,让读者了解音乐家的流亡轨迹和经历,他们在不同的政治和社会环境下,影响和/或制约了专辑和作品的制作。伊戈尔-莱莫斯在卷宗开篇就提出了古巴流亡问题,巴西研究人员对这一主题的探讨仍然很少,他本人的情况也是如此,而拉丁美洲的研究人员则更多地关注南锥体地区军事独裁统治的背景。在 "格洛丽亚-埃斯特凡(Gloria Estefan)的流亡、虚构古巴人身份和反卡斯特罗主义:关于专辑《Mi tierra》的说明 "一文中,作者对古巴裔流行歌手的一张专辑进行了原创性分析。对于莱莫斯来说,《我的土地》(1993 年)力图强化流亡者群体的某种古巴身份。这在很大程度上是由于专辑中的歌曲和音调所表达的怀旧情绪,代表了革命前的古巴,而 20 世纪 90 年代的古巴正处于动荡的 "特殊时期"。莱莫斯认为,《Mi tierra》使格洛丽亚-埃斯特凡成为这些流亡社区的代言人之一,她怀念理想中的古巴,与反卡斯特罗的言论不谋而合。
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