{"title":"O estado de transe de um corpo adepto de Vodum no Benim, como inspiração num processo criativo","authors":"Eva Azevedo","doi":"10.53072/red202302/00205","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo é baseado no processo criativo de Guillaume Niedjo, coreógrafo e bailarino beninense, Hounnon de Vodum, na criação da performance artística Affôtè, vivenciado e desenvolvido quer em contexto de cerimónias rituais Vodum, realizadas nos Hounkpamins, quer em laboratórios de formações e criações artísticas, no Benim. É proposta deste artigo refletir sobre os elementos que caracterizam o uso do estado de transe como inspiração num processo criativo, de um adepto de Vodum, quando passa o seu conhecimento, aprendido com os seus mestres e ancestrais, para uma criação artística. Importa conhecer os princípios e fundamentos que permitem construir/desconstruir a configuração corpórea existente no estado de transe, na criação da performance Affôtè. Metodologicamente socorremo-nos do trabalho de campo realizado no Benim, entre 2018 e 2022, da observação da obra e da aplicação de entrevistas semiestruturadas ao bailarino, a adeptos de Vodum e a Hounnous, no âmbito de uma pesquisa de doutoramento em Dança na Faculdade de Motricidade Humana. Como principal tendência conclusiva destaca-se que Guillaume Niedjo reinterpreta permanentemente a cultura Vodum aprendida e experienciada pelo seu corpo, através da recuperação de comportamentos (Schechner, 1985) ancestrais, seguindo as regras e costumes implícitos na sua cultura. Concomitantemente permite-se ou não usar o estado transe como inspiração criativa. Em Affôtè, transpõe e interpreta a desconstrução do estado de transe uma cerimónia, numa performance do “fazer acreditar” ou “fazer de conta” (Zenícola, 2001), respeitando as regras do que pode ou não ser exposto, assentes na autorreflexão artística e sociocultural do autor.","PeriodicalId":498295,"journal":{"name":"Revista Estud(i)os de Dança","volume":"12 4","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-03-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Estud(i)os de Dança","FirstCategoryId":"0","ListUrlMain":"https://doi.org/10.53072/red202302/00205","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo é baseado no processo criativo de Guillaume Niedjo, coreógrafo e bailarino beninense, Hounnon de Vodum, na criação da performance artística Affôtè, vivenciado e desenvolvido quer em contexto de cerimónias rituais Vodum, realizadas nos Hounkpamins, quer em laboratórios de formações e criações artísticas, no Benim. É proposta deste artigo refletir sobre os elementos que caracterizam o uso do estado de transe como inspiração num processo criativo, de um adepto de Vodum, quando passa o seu conhecimento, aprendido com os seus mestres e ancestrais, para uma criação artística. Importa conhecer os princípios e fundamentos que permitem construir/desconstruir a configuração corpórea existente no estado de transe, na criação da performance Affôtè. Metodologicamente socorremo-nos do trabalho de campo realizado no Benim, entre 2018 e 2022, da observação da obra e da aplicação de entrevistas semiestruturadas ao bailarino, a adeptos de Vodum e a Hounnous, no âmbito de uma pesquisa de doutoramento em Dança na Faculdade de Motricidade Humana. Como principal tendência conclusiva destaca-se que Guillaume Niedjo reinterpreta permanentemente a cultura Vodum aprendida e experienciada pelo seu corpo, através da recuperação de comportamentos (Schechner, 1985) ancestrais, seguindo as regras e costumes implícitos na sua cultura. Concomitantemente permite-se ou não usar o estado transe como inspiração criativa. Em Affôtè, transpõe e interpreta a desconstrução do estado de transe uma cerimónia, numa performance do “fazer acreditar” ou “fazer de conta” (Zenícola, 2001), respeitando as regras do que pode ou não ser exposto, assentes na autorreflexão artística e sociocultural do autor.