Lucas Magalhães Moreira, Fabio Yuji Furukawa, Itamar Santos, Gustavo Gusso
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Abstract
Introdução: Para o processo de decisão compartilhada é essencial que profissionais da saúde interpretem dados estatísticos das melhores evidências disponíveis para que essas informações possam ser comunicadas para seus pacientes. Nesse contexto, o letramento de risco é a capacidade de avaliar riscos e benefícios de determinada ação. Apesar da importância dessa habilidade, estudos têm mostrado que muitos profissionais e estudantes possuem dificuldade na compreensão de conceitos estatísticos e de probabilidade e, dessa forma, baixo letramento de risco. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o letramento de risco em estudantes de medicina e como isso impacta a capacidade de resolver um problema de cálculo de valor preditivo positivo de um exame de rastreamento. Métodos: Foram convidados estudantes do 4º, 5º e 6º anos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para responder a um questionário composto pelo Berlin Numeracy Test (BNT), instrumento validado para a mensuração de numeracia, e um problema clínico sobre cálculo de valor preditivo positivo (VPP) em rastreamento de câncer de mama com mamografia. Avaliar qual o grau de letramento de risco em estudantes de medicina e verificar se existe associação entre o número de acertos no BNT e a capacidade de resolução do cenário clínico sobre VPP. Resultados: Obtivemos 97 respostas, em que 19 (19,52%) participantes acertaram 3 das 4 questões do BNT, e 61 (62,89%) acertaram todas as questões. Já na pergunta sobre VPP do rastreamento de câncer de mama houve 43 respostas corretas (44,33%). A média de pontuação no BNT da amostra de participantes foi de 3,41. Entre os estudantes que acertaram o cálculo do VPP, a média foi 3,67 e, entre os que erraram, foi de 3,21. Conclusões: Apesar da numeracia alta medida pelo BNT, os estudantes apresentam baixa taxa de acerto no caso clínico. Este estudo reforça os achados prévios de que o letramento de risco é uma habilidade difícil de ser aprendida, mesmo em pessoas com alta numeracia. Entretanto, o baixo número de respostas dificulta a interpretação mais precisa dos resultados.