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Abstract
Introdução: A marginalização de pessoas transgênero e as barreiras de acesso à saúde, oriundas da patologização e do histórico processo de intolerância para com elas, são determinantes para transformar o itinerário terapêutico em um percalço, interferindo fortemente na relação com os profissionais e nos cuidados prestados. Objetivos: Demonstrar como um médico de família e comunidade pode atuar como agente modificador na Atenção Primária à Saúde, tendo capacitação e utilizando as ferramentas da especialidade, para promover vínculo e equidade. Métodos: Relato da experiência do acompanhamento de uma usuária transgênero que teve seu itinerário terapêutico inteiramente modificado a partir da mudança de posicionamento de sua equipe de referência, analisando o prontuário prévio e comparando com o vivenciado pela nova equipe. Resultados: Observou-se que a usuária em questão teve mudança expressiva em relação ao acompanhamento e aos cuidados em saúde após a utilização das ferramentas e a criação de vínculo, aderindo à terapia antirretroviral, fazendo uso consciente de benzodiazepínicos e permanecendo em abstinência do uso de drogas. Conclusões: Diante do observado e com o amparo da literatura, fica claro que o fomento à discussão e à capacitação para as questões trans são fundamentais durante a residência de Medicina de Família e Comunidade, para que o médico seja um recurso efetivo da população, com capacidade para criar um vínculo responsável, prestando um serviço com equidade, longitudinalidade e integralidade.