{"title":"“O mundo é masculino e assim deve permanecer”","authors":"Josyelle Bonfante Curti, Isabel Cristina Cordeiro","doi":"10.20396/cel.v65i00.8673025","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Com respaldo na Linguística Textual, buscamos, neste artigo, analisar a carga argumentativa em declarações discriminatórias enunciadas pelo juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, da comarca de Sete Lagoas – MG, em 2007. Para tanto, optamos por avaliar os adjetivos, manifestamente afetivos e reveladores de posições ideológicas do enunciador, e os advérbios, que conferem propriedade às qualidades, aos sujeitos e aos eventos da enunciação, marcando o grau de engajamento do enunciador e robustecendo os argumentos, os conteúdos, os sentidos e as convicções subjacentes, sendo que ambos são mobilizados como artifícios persuasivos na defesa dos pontos de vista externalizados. Trata-se de uma tentativa de justificar perspectivas valorativas e de levar a um convencimento sobre a proposição de que a sociedade deve ser regida e mantida nos moldes masculinos, posto que a quebra dessa prevalência e desse domínio masculino e a consequente independência feminina tornam o homem emocionalmente frágil, tolo, dependente e subjugado, por isso causam desequilíbrio, desarmonia e caos à sociedade – tradicionalmente patriarcal –, acima de tudo quando é criada uma lei (Lei Maria da Penha) que protege exclusivamente as mulheres de agressões e de violências. Por fim, o adjetivo e o advérbio regulam e encaminham a orientação interpretativa dos discursos, seus sentidos e seu aceite.","PeriodicalId":254871,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Lingüísticos","volume":"400 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-09-25","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos de Estudos Lingüísticos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20396/cel.v65i00.8673025","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Com respaldo na Linguística Textual, buscamos, neste artigo, analisar a carga argumentativa em declarações discriminatórias enunciadas pelo juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, da comarca de Sete Lagoas – MG, em 2007. Para tanto, optamos por avaliar os adjetivos, manifestamente afetivos e reveladores de posições ideológicas do enunciador, e os advérbios, que conferem propriedade às qualidades, aos sujeitos e aos eventos da enunciação, marcando o grau de engajamento do enunciador e robustecendo os argumentos, os conteúdos, os sentidos e as convicções subjacentes, sendo que ambos são mobilizados como artifícios persuasivos na defesa dos pontos de vista externalizados. Trata-se de uma tentativa de justificar perspectivas valorativas e de levar a um convencimento sobre a proposição de que a sociedade deve ser regida e mantida nos moldes masculinos, posto que a quebra dessa prevalência e desse domínio masculino e a consequente independência feminina tornam o homem emocionalmente frágil, tolo, dependente e subjugado, por isso causam desequilíbrio, desarmonia e caos à sociedade – tradicionalmente patriarcal –, acima de tudo quando é criada uma lei (Lei Maria da Penha) que protege exclusivamente as mulheres de agressões e de violências. Por fim, o adjetivo e o advérbio regulam e encaminham a orientação interpretativa dos discursos, seus sentidos e seu aceite.