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Abstract
Este artigo descreve algumas propriedades textuais do álbum de canções sob um ponto de vista semiótico, visando sobretudo demonstrar em que medida a canção enquanto faixa constitui um objeto de análise distinto da canção tomada isoladamente. Primeiramente, apontam-se fazeres enunciativos que caracterizam o álbum (notadamente a seleção e o sequenciamento de faixas) e que indiciam a tensão existente entre, de um lado, a autonomia textual das faixas e, de outro, o senso de unidade do álbum. Em seguida, evoca-se a concepção de análise segundo Louis Hjelmslev a fim de se estabelecerem critérios para a descrição das relações entre determinada totalidade (classe) e suas partes (componentes). Essas reflexões servem de base para uma descrição de “É doce morrer no mar” enquanto componente da classe Canções praieiras, primeiro álbum lançado por Dorival Caymmi. Verifica-se que as influências entre as duas instâncias se dão em via dupla: enquanto a canção dá voz ao sujeito mulher praieira, que se expressa a si mesmo em seu estado resignado, o conjunto de faixas, manifestando os valores da coletividade praieira, instaura um sentido profundo de suficiência que justifica tal estado. Assim, mesmo se atendo apenas à descrição de seu nível verbal, vê-se que o corpus em questão ilustra a relação de interdependência entre álbum e faixas na geração de sentidos próprios a essa totalidade textual.