Juliana Gomes Poli, Samia Insaurriaga Jundi, Cassia Juliana Cattai, Adriene de Lima Vicente Ferreira, Luciano Antonio Marcolino, Marcelo Sá de Araujo, Consuelo Lozoya, Antonio Braga
{"title":"Neoplasia trofoblástica gestacional após gravidez molar tubária","authors":"Juliana Gomes Poli, Samia Insaurriaga Jundi, Cassia Juliana Cattai, Adriene de Lima Vicente Ferreira, Luciano Antonio Marcolino, Marcelo Sá de Araujo, Consuelo Lozoya, Antonio Braga","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1094","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é uma anomalia da gravidez que inclui formas benignas, como a mola hidatiforme completa e parcial, e formas malignas, como a mola invasora, o coriocarcinoma, o tumor trofoblástico do sítio placentário e o tumor trofoblástico epitelioide, agrupadas sob o termo neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). Embora metade dos casos de NTG seja decorrente de gravidez molar intrauterina, qualquer gestação pode evoluir para esse quadro. Neste relato, apresentamos um caso raro de NTG após gestação molar ectópica tubária. Relato de caso: A paciente, G.P.S.B., 35 anos, gravidez pós-término IXG VIP IIA, foi admitida em uma maternidade em Niterói (RJ) em novembro de 2021, com dor abdominal aguda. Após diagnóstico de gravidez ectópica rompida, a paciente foi submetida a laparotomia exploratória com remoção da tuba uterina esquerda. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências, e a paciente recebeu alta hospitalar dois dias após a cirurgia. Em janeiro de 2022, a paciente apresentou dor abdominal intensa, astenia, vômitos e sangramento retal e vaginal. Ao exame físico, observou-se uma grande massa pélvica, dura ao toque, que se estendia além da cicatriz umbilical, com contornos mal definidos. Devido à dosagem positiva de gonadotrofina coriônica humana (hCG), suspeitou-se de NTG, e a paciente foi transferida para um Centro de Referência em DTG de um hospital quaternário. A dosagem de hCG foi de 1.125.000 UI/L, e a ressonância nuclear magnética (RNM) revelou útero aumentado com massa sólido-cística heterogênea que se estendia até o mesogastro, medindo 19 × 17 × 9,3 cm e envolvendo o reto e o sigmoide. O diagnóstico de NTG foi confirmado. A revisão da lâmina proveniente da tuba uterina esquerda revelou uma mola hidatiforme parcial (positiva para imuno-histoquímica p52kip2). A paciente iniciou quimioterapia de indução com baixa dose de etoposídeo-cisplatina (EP), devido ao estágio avançado da doença e ao comprometimento clínico grave. Após o primeiro ciclo de quimioterapia, a paciente apresentou sangramento vaginal e retal maciço, além de síndrome do desconforto respiratório agudo devido ao hipertireoidismo, e foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva, onde recebeu tratamento com hemotransfusão, beta-bloqueadores, drogas antitireoidianas e ventilação não invasiva. Após estabilização clínica, mais dois ciclos de quimioterapia com EP foram administrados, com posterior mudança para o regime EMA/CO (etoposídeo, metotrexato, actinomicina-D, ciclofosfamida e vincristina), resultando em remissão após nove ciclos. Após a conclusão da quimioterapia, o exame físico demonstrou o desaparecimento da massa abdominal, e RNM de acompanhamento mostrou apenas tecido cicatricial no local prévio do tumor. Atualmente, a paciente está em remissão e segue em acompanhamento rigoroso do nível de hCG em regime ambulatorial. Comentários: Apesar de ser raro, é importante ressaltar a importância do estudo anatomopatológico nos casos de gravidez ectópica, a fim de diagnosticar precocemente a DTG extrauterina. A NTG deve sempre ser considerada como causa potencialmente curável de tumores pélvicos volumosos em mulheres em idade reprodutiva.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"18 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal brasileiro de ginecologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1094","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é uma anomalia da gravidez que inclui formas benignas, como a mola hidatiforme completa e parcial, e formas malignas, como a mola invasora, o coriocarcinoma, o tumor trofoblástico do sítio placentário e o tumor trofoblástico epitelioide, agrupadas sob o termo neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). Embora metade dos casos de NTG seja decorrente de gravidez molar intrauterina, qualquer gestação pode evoluir para esse quadro. Neste relato, apresentamos um caso raro de NTG após gestação molar ectópica tubária. Relato de caso: A paciente, G.P.S.B., 35 anos, gravidez pós-término IXG VIP IIA, foi admitida em uma maternidade em Niterói (RJ) em novembro de 2021, com dor abdominal aguda. Após diagnóstico de gravidez ectópica rompida, a paciente foi submetida a laparotomia exploratória com remoção da tuba uterina esquerda. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências, e a paciente recebeu alta hospitalar dois dias após a cirurgia. Em janeiro de 2022, a paciente apresentou dor abdominal intensa, astenia, vômitos e sangramento retal e vaginal. Ao exame físico, observou-se uma grande massa pélvica, dura ao toque, que se estendia além da cicatriz umbilical, com contornos mal definidos. Devido à dosagem positiva de gonadotrofina coriônica humana (hCG), suspeitou-se de NTG, e a paciente foi transferida para um Centro de Referência em DTG de um hospital quaternário. A dosagem de hCG foi de 1.125.000 UI/L, e a ressonância nuclear magnética (RNM) revelou útero aumentado com massa sólido-cística heterogênea que se estendia até o mesogastro, medindo 19 × 17 × 9,3 cm e envolvendo o reto e o sigmoide. O diagnóstico de NTG foi confirmado. A revisão da lâmina proveniente da tuba uterina esquerda revelou uma mola hidatiforme parcial (positiva para imuno-histoquímica p52kip2). A paciente iniciou quimioterapia de indução com baixa dose de etoposídeo-cisplatina (EP), devido ao estágio avançado da doença e ao comprometimento clínico grave. Após o primeiro ciclo de quimioterapia, a paciente apresentou sangramento vaginal e retal maciço, além de síndrome do desconforto respiratório agudo devido ao hipertireoidismo, e foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva, onde recebeu tratamento com hemotransfusão, beta-bloqueadores, drogas antitireoidianas e ventilação não invasiva. Após estabilização clínica, mais dois ciclos de quimioterapia com EP foram administrados, com posterior mudança para o regime EMA/CO (etoposídeo, metotrexato, actinomicina-D, ciclofosfamida e vincristina), resultando em remissão após nove ciclos. Após a conclusão da quimioterapia, o exame físico demonstrou o desaparecimento da massa abdominal, e RNM de acompanhamento mostrou apenas tecido cicatricial no local prévio do tumor. Atualmente, a paciente está em remissão e segue em acompanhamento rigoroso do nível de hCG em regime ambulatorial. Comentários: Apesar de ser raro, é importante ressaltar a importância do estudo anatomopatológico nos casos de gravidez ectópica, a fim de diagnosticar precocemente a DTG extrauterina. A NTG deve sempre ser considerada como causa potencialmente curável de tumores pélvicos volumosos em mulheres em idade reprodutiva.