Mayara Affonso São Roque, Heloá Santos Faria da Silva, Ana Beatriz de Mello Domingos, Victoria Abreu Gomes, Júlia Magalhães Motta
{"title":"Perfil dos procedimentos de curetagem uterina para resolução de mola hidatiforme no estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos","authors":"Mayara Affonso São Roque, Heloá Santos Faria da Silva, Ana Beatriz de Mello Domingos, Victoria Abreu Gomes, Júlia Magalhães Motta","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1098","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é um distúrbio da gravidez causado pela proliferação e diferenciação defeituosa do trofoblasto, podendo apresentar caráter benigno ou maligno. O diagnóstico de DTG é clínico e suspeita-se desse distúrbio na primeira metade da gestação quando há o surgimento de sangramento vaginal intermitente, ausência da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, sinais de toxemia, hipertireoidismo ou hiperêmese, além de valores anormais do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o volume uterino que não corresponde ao tempo de gestação. O tratamento padrão para a mola hidatiforme, uma forma de DTG benigna, é o esvaziamento uterino, geralmente realizado por meio de curetagem. Objetivo: O objetivo deste trabalho é analisar o panorama atual dos procedimentos de curetagem uterina devido à mola hidatiforme realizados no Estado do Rio de Janeiro ao longo de 10 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos. Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura e coleta de dados observacional, descritiva e transversal dos procedimentos de curetagem uterina por mola hidatiforme, utilizando-se o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de agosto de 2012 a agosto de 2022. Foram avaliados o número de internações, gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, tempo de permanência e tipo de atendimento. Além disso, foram consultados artigos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PubMed). Resultados: No período analisado, foram registradas 944 internações para a realização de curetagem uterina por mola hidatiforme, com um gasto total de R$ 161.641,31. O ano de 2014 foi o que apresentou o maior número de internações (191) e também o maior valor gasto durante o período (R$ 37.730,72). Dos procedimentos realizados, 87 foram em caráter eletivo e 857 em caráter de urgência, com 466 ocorrendo no setor público, 89 no setor privado e 389 com regime de atendimento desconhecido. Todos os 944 procedimentos foram considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 0,11, correspondendo a um óbito ocorrido em 2014, em um atendimento de urgência no setor público. A média de tempo de internação foi de 2 dias, com um custo médio de R$ 171,23. Conclusão: Com base nesse estudo, observa-se que a maioria dos procedimentos de curetagem uterina para a resolução da mola hidatiforme é realizada em caráter de urgência, com baixo tempo de permanência hospitalar e médio risco cirúrgico, confirmando assim a classificação desse procedimento como de média complexidade.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"276 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal brasileiro de ginecologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1098","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) é um distúrbio da gravidez causado pela proliferação e diferenciação defeituosa do trofoblasto, podendo apresentar caráter benigno ou maligno. O diagnóstico de DTG é clínico e suspeita-se desse distúrbio na primeira metade da gestação quando há o surgimento de sangramento vaginal intermitente, ausência da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, sinais de toxemia, hipertireoidismo ou hiperêmese, além de valores anormais do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o volume uterino que não corresponde ao tempo de gestação. O tratamento padrão para a mola hidatiforme, uma forma de DTG benigna, é o esvaziamento uterino, geralmente realizado por meio de curetagem. Objetivo: O objetivo deste trabalho é analisar o panorama atual dos procedimentos de curetagem uterina devido à mola hidatiforme realizados no Estado do Rio de Janeiro ao longo de 10 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos. Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura e coleta de dados observacional, descritiva e transversal dos procedimentos de curetagem uterina por mola hidatiforme, utilizando-se o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no período de agosto de 2012 a agosto de 2022. Foram avaliados o número de internações, gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, tempo de permanência e tipo de atendimento. Além disso, foram consultados artigos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PubMed). Resultados: No período analisado, foram registradas 944 internações para a realização de curetagem uterina por mola hidatiforme, com um gasto total de R$ 161.641,31. O ano de 2014 foi o que apresentou o maior número de internações (191) e também o maior valor gasto durante o período (R$ 37.730,72). Dos procedimentos realizados, 87 foram em caráter eletivo e 857 em caráter de urgência, com 466 ocorrendo no setor público, 89 no setor privado e 389 com regime de atendimento desconhecido. Todos os 944 procedimentos foram considerados de média complexidade. A taxa de mortalidade total nos 10 anos estudados foi de 0,11, correspondendo a um óbito ocorrido em 2014, em um atendimento de urgência no setor público. A média de tempo de internação foi de 2 dias, com um custo médio de R$ 171,23. Conclusão: Com base nesse estudo, observa-se que a maioria dos procedimentos de curetagem uterina para a resolução da mola hidatiforme é realizada em caráter de urgência, com baixo tempo de permanência hospitalar e médio risco cirúrgico, confirmando assim a classificação desse procedimento como de média complexidade.