Laura Marcela Cubides Sánchez, Fabiana Soares Fernandes Leal
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Abstract
Desde a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ampliou-se e aprofundou a gestão das instituições governamentais responsáveis pelo acompanhamento dos povos indígenas, nos programas de fortalecimento, visibilidade e integração de seus valores socioculturais ao projeto nacional. Portanto, reuniões com autoridades tradicionais, funcionários públicos e pessoas externas interessadas em contribuir aos processos comunitários, começaram a ocorrer com mais frequência e intensidade. Como resultado dessas lutas e parcerias, no início deste milênio, surge a iniciativa de criar cursos de graduação em várias universidades públicas federais e estaduais do país para a profissionalização de indígenas que atuam como professores em suas respetivas comunidades. Estes programas foram denominados “Licenciaturas Interculturais” e estão desenhados exclusivamente para atender as demandas territoriais e educacionais das populações indígenas, através do fortalecimento da prática docente nas escolas de ensino básico. A partir de uma revisão bibliográfica, este artigo se propõe expor uma análise crítica, com base em discussões de caráter cultural e político, da proposta intercultural para a formação de professores indígenas, contemplando os potenciais e os desafios que ela apresenta, desde sua criação até o presente. Os resultados nos levam a afirmar que tais cursos do ensino superior atendem alguns dos valores que aparecem no discurso oficial, mas não conseguem uma verdadeira dinâmica intercultural, o que nos permite desconstruir a legitimidade do conceito e questionar sua aplicabilidade.