Carlos De Matos Bandeira Junior, Luciana Gonçalves Carvalho
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Abstract
O objetivo deste artigo é compreender como se desenvolveram as relações de trabalho, em compasso com as mudanças técnicas ocorridas nos garimpos de ouro na calha do rio Tapajós, sob a perspectiva de pessoas que neles atuaram nos anos 1950 a 1980. Secundariamente, o artigo analisa como a organização social, as moralidades, as práticas produtivas e as percepções dos garimpeiros quanto ao uso dos recursos naturais colidiram com os novos paradigmas relativos ao meio ambiente a partir da década de 1970. O método de análise articula a memória coletiva de ex-garimpeiros e estudos teóricos que discutem os contextos políticos, marcos legais e problemas que circundam a mineração artesanal e de pequena escala. Percebe-se a frente econômica da garimpagem na condição de liminaridade, apesar de sua relevância econômica para as cidades e comunidades da região. Com grande capacidade de absorção de mão de obra, a economia garimpeira estrutura-se em condições de informalidade e ilegalidade, e seus métodos de produção apresentam alto potencial de degradação do meio ambiente. Produtos utilizados nos garimpos e rejeitos deles derivados prejudicam significativamente o ecossistema aquático na bacia do Tapajós e ameaçam a segurança alimentar das comunidades tradicionais e povoados vizinhos às zonas garimpeiras. A despeito das normas referentes a essa modalidade de exploração mineral, a União tem sido incapaz de controlar e regular efetivamente a mineração de pequena escala no país, e resta uma distância imensa entre a prescrição e a prática nos garimpos do Tapajós.