{"title":"Percepções acerca das mudanças na relação médico-paciente durante a pandemia por COVID-19 à luz das narrativas médicas","authors":"Militza Machado, Camila Franco","doi":"10.5712/rbmfc18(45)3509","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A relação médico-paciente tem sido muito estudada ao longo dos anos e sua importância na prática médica é um consenso. No final do ano de 2019 o mundo começou a luta contra a pandemia causada pelo novo coronavírus. Os médicos de família e comunidade atuaram na linha de frente da pandemia. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar as percepções dos médicos de família e comunidade na relação médico-paciente durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo de análise do conteúdo das narrativas médicas, publicadas no blog \"Causos Clínicos\". O corpus de análise seguiu a metodologia proposta por Bardin. Resultados: Foram identificadas 42 narrativas com a temática de COVID-19 e relação médico-paciente. Após a análise de conteúdo, foram identificadas três categorias: emoções, contato físico e mudanças no sistema de saúde. Cada uma delas teve subcategorias específicas de acordo com as características das narrativas, podendo estar relacionada com “fortalezas e enfrentamentos”: emoções conflituosas de saúde mental pessoais e também relacionadas ao papel social do médico; a necessidade do distanciamento social, reduzindo o contato físico; mudanças no sistema de saúde próprias desse período, como persistência de demandas clínicas e sociais, redução da disponibilidade de consultas presenciais e falta de insumos básicos de proteção; ou “barreiras e dificuldades”: exercício da empatia; prática da escuta qualificada, do olhar atento e de habilidades de comunicação, além do uso da telemedicina. As informações obtidas na literatura corroboram os resultados encontrados nesta pesquisa. Quanto às limitações, este estudo contemplou apenas o olhar do médico e reuniu outras informações relevantes sobre a temática que não puderam ser incluídas nos resultados. Conclusões: De posse das informações obtidas neste trabalho foi possível concluir que de fato a relação médico-paciente sofreu alterações diante das variáveis identificadas, porém as narrativas revelam que mesmo em tempos de crise é possível estabelecer ligações significativas entre o médico e o paciente.","PeriodicalId":21274,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade","volume":"60 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-10-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5712/rbmfc18(45)3509","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A relação médico-paciente tem sido muito estudada ao longo dos anos e sua importância na prática médica é um consenso. No final do ano de 2019 o mundo começou a luta contra a pandemia causada pelo novo coronavírus. Os médicos de família e comunidade atuaram na linha de frente da pandemia. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar as percepções dos médicos de família e comunidade na relação médico-paciente durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo de análise do conteúdo das narrativas médicas, publicadas no blog "Causos Clínicos". O corpus de análise seguiu a metodologia proposta por Bardin. Resultados: Foram identificadas 42 narrativas com a temática de COVID-19 e relação médico-paciente. Após a análise de conteúdo, foram identificadas três categorias: emoções, contato físico e mudanças no sistema de saúde. Cada uma delas teve subcategorias específicas de acordo com as características das narrativas, podendo estar relacionada com “fortalezas e enfrentamentos”: emoções conflituosas de saúde mental pessoais e também relacionadas ao papel social do médico; a necessidade do distanciamento social, reduzindo o contato físico; mudanças no sistema de saúde próprias desse período, como persistência de demandas clínicas e sociais, redução da disponibilidade de consultas presenciais e falta de insumos básicos de proteção; ou “barreiras e dificuldades”: exercício da empatia; prática da escuta qualificada, do olhar atento e de habilidades de comunicação, além do uso da telemedicina. As informações obtidas na literatura corroboram os resultados encontrados nesta pesquisa. Quanto às limitações, este estudo contemplou apenas o olhar do médico e reuniu outras informações relevantes sobre a temática que não puderam ser incluídas nos resultados. Conclusões: De posse das informações obtidas neste trabalho foi possível concluir que de fato a relação médico-paciente sofreu alterações diante das variáveis identificadas, porém as narrativas revelam que mesmo em tempos de crise é possível estabelecer ligações significativas entre o médico e o paciente.