Análise da relação entre a qualidade da água de mananciais superficiais e a ocorrência de doenças de veiculação hídrica no estado do Rio Grande do Norte, Brasil
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Abstract
A caracterização hídrica mediante índices compostos por características mensuráveis através da análise de parâmetros físico-químicos e microbiológicos é útil na vigilância ambiental, bem como na interpretação de possíveis riscos sanitários atrelados ao uso de água contaminada, além de contribuir para definir as ações de gestão ambiental necessárias à conservação hídrica. Este trabalho objetivou avaliar, por intermédio de índices de qualidade de água (IQA) e de estado trófico (IET), a influência da qualidade da água de abastecimento público no estado do Rio Grande do Norte sobre a ocorrência de doenças de veiculação hídrica (DVHs) de sua população em setenta municípios no período de 2008 a 2016. Uma análise de conglomerado (cluster) hierárquico foi realizada com o intuito de classificar os municípios, baseando-se na qualidade da água consumida e representada através dos índices supracitados. Além disso, um modelo linear generalizado foi utilizado para descrever a influência da qualidade hídrica sobre a ocorrência de DVHs. Uma análise geoespacial foi realizada com o objetivo de descrever as áreas prioritárias em ordem causal de relevância sanitária. Cinco conglomerados foram construídos segundo o padrão de qualidade hídrica observada. As bacias hidrográficas do Piranhas-Açu e do Apodi-Mossoró foram as que apresentaram o maior número de municípios contendo mananciais com os piores índices de qualidade e frequência de doenças de veiculação hídrica no período estudado. Uma relação estatisticamente significativa entre a qualidade hídrica encontrada e a ocorrência de doenças de veiculação hídrica foi estabelecida. Razões de chance de adoecer de até mais de 5 vezes do que as encontradas em locais com melhor qualidade hídrica foram documentadas. Desta forma, os achados desta pesquisa salientam a utilidade do estudo da qualidade ambiental, principalmente para o delineamento de áreas prioritárias para implementação de políticas ambientais e sanitárias dirigidas à minimização dos impactos de uma má qualidade ambiental sobre a saúde da população.