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Abstract
O presente artigo analisa o uso cotidiano e amplamente difundido do “português de arremedo” entre brasileiros. Adota-se o termo português de arremedo em referência à prática linguística na qual uma pessoa replica palavras e expressões de variedades não padrão, à margem do português padrão, com o intento de fazer graça. Para tanto, utiliza-se uma análise qualitativa a partir de dados que são profusamente compartilhados online através de aplicativos de mensagens, blogs, redes sociais, além da mídia tradicional. Com base em conceitos e pesquisas da sociolinguística e antropologia linguística, busca-se mostrar que (1) o português de arremedo produz uma falsa sensação de inocuidade; (2) a pessoa que produz o português de arremedo — ou seja a pessoa que arremeda o português dos falantes das variedades não padrão, i.e. marginalizadas — ocupa um lugar de fala que é resultado de desigualdade linguística e social; e (3) a pessoa que produz o português de arremedo é, em parte, responsável pela reprodução dessa desigualdade.