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Abstract
No segundo poema do livro Viagem, publicado em 1939, naquele que viria a ser o mais conhecido dos seus poemas, “Motivo” – mais que um poema, uma poética –, Cecília Meireles afirma a motivação de seu canto, mostra a distância entre o eu literário do poeta e o eu biográfico do autor e aponta, num movimento muito barroco, as tensões que perseguiria em toda sua obra poética, a partir de uma relação dialética entre o claro e o escuro, o provisório e o permanente, o material e o espiritual, a vida e a morte – tudo isso amalgamado na procura do instante, que Cecília Meireles perseguirá em toda sua obra. No último livro que publica, Solombra (1963), dirigindo-se a um enigmático e inalcançável “tu”, lamenta a insuficiência das palavras (“conchas secas”) e deseja ultrapassá-las, bem como a toda contingência (“libertar-me / das paredes, de tudo que aprisiona”), para, enfim, “ver eterno o instante”. O objetivo desse artigo, assim, é, a partir das reflexões de Gaston Bachelard (2010) acerca do instante poético, e das noções de imagem e ritmo, conforme apresentadas por Octavio Paz (2012) e Roberval Pereyr (2012), analisar alguns dos modos a partir dos quais uma dialética do instante se manifesta na poesia de Cecília Meireles.