{"title":"Trauma Cumulativo: Quando a estória sobrevive entre a repetição relacional do trauma e o corpo","authors":"P. Ferrajão, António Esteves, Mairi Stumpf","doi":"10.51356/rpp.421a4","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"As formulações dominantes na literatura descrevem a perturbação pós-traumática como uma perturbação da memória. No âmbito de extensa investigação extra clínica e prática clínica, apresentamos um modelo das consequências pós-traumáticas como uma perturbação da identidade, especificamente uma dissociação estrutural da personalidade. Descrevemos a dissociação estrutural terciária associada ao trauma cumulativo precoce ocorrido num contexto relacional. Apresentamos a expressão da narrativa psíquica na dissociação estrutural terciária em duas modalidades: 1) enactment de sistemas relacionados dissociados na qual a divisão de múltiplas representações do self e dos objetos instauram a oscilação entre múltiplos sistemas relacionais: vítima, perseguidor e salvador; 2) preocupações ou sintomas somáticos com predomínio de um pensamento concreto que origina que o corpo seja o continente dos afetos não-elaborados e dessimbolizados expressos como memórias corporificadas. Propomos que a repetição relacional do trauma no triângulo do drama e/ou as preocupações ou sintomas somáticos deverão ser analisadas na relação transferência-contratransferência destes pacientes como procedimento de explicitação no aqui-e-agora dos sistemas relacionais implícitos. Este processo auxilia na estruturação e integração progressiva das partes dissociadas no self que promovem a mudança estrutural do psiquismo.","PeriodicalId":210156,"journal":{"name":"Revista Portuguesa de Psicanálise","volume":"305 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-08-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Portuguesa de Psicanálise","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.51356/rpp.421a4","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
As formulações dominantes na literatura descrevem a perturbação pós-traumática como uma perturbação da memória. No âmbito de extensa investigação extra clínica e prática clínica, apresentamos um modelo das consequências pós-traumáticas como uma perturbação da identidade, especificamente uma dissociação estrutural da personalidade. Descrevemos a dissociação estrutural terciária associada ao trauma cumulativo precoce ocorrido num contexto relacional. Apresentamos a expressão da narrativa psíquica na dissociação estrutural terciária em duas modalidades: 1) enactment de sistemas relacionados dissociados na qual a divisão de múltiplas representações do self e dos objetos instauram a oscilação entre múltiplos sistemas relacionais: vítima, perseguidor e salvador; 2) preocupações ou sintomas somáticos com predomínio de um pensamento concreto que origina que o corpo seja o continente dos afetos não-elaborados e dessimbolizados expressos como memórias corporificadas. Propomos que a repetição relacional do trauma no triângulo do drama e/ou as preocupações ou sintomas somáticos deverão ser analisadas na relação transferência-contratransferência destes pacientes como procedimento de explicitação no aqui-e-agora dos sistemas relacionais implícitos. Este processo auxilia na estruturação e integração progressiva das partes dissociadas no self que promovem a mudança estrutural do psiquismo.