Cássio Michel dos Santos Camargo, Adriana Romero Lopes
{"title":"HISTÓRIA E LITERATURA: POSSÍVEIS USOS DO PARADIGMA INDICIÁRIO E DA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA NA OBRA “AS MEMÓRIAS DO LIVRO” DE GERALDINE BROOKS","authors":"Cássio Michel dos Santos Camargo, Adriana Romero Lopes","doi":"10.56242/revistavereda;2021;4;7;74-91","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Esse artigo tem como objetivo tecer algumas reflexões sobre a relação entre História e Literatura para discutir os processos de construção da narrativa histórica a partir da concepção de “verossimilhança” presente na escrita historiadora e “efeito do real” contido na escrita literária. Para exemplificar essa discussão será analisado o livro “As Memórias do Livro”, de autoria de Geraldine Brooks, para destacar a utilização que a literatura faz de fatos históricos para criar seu enredo/trama. Esse processo analítico irá decodificar os processos de “apropriação da operação historiadora” por parte da literatura a fim de estabelecer efeitos de veracidade da narrativa elaborada por esse romance histórico/policial. Tais artifícios narrativos acabam por falsear a compreensão do leitor, pois, ao lançar pequenos vestígios do real em sua trama literária, se constrói o engodo como forma de capturar o leitor. Nesse ponto, se estabelece o desafio da escrita da história que deve utilizar-se dos mecanismos narrativos da literatura sem estabelecer o engodo como mecanismo de conquista do seu leitor. A escrita da História encaminha-se para uma narrativa a “beira da falésia”. Pois, o debate sobre os limites e desafios da escrita em História a partir das noções de Operação Historiográfica e de Paradigma Indiciário e das apropriações dessas concepções pela literatura é de suma importância para o desenvolvimento da História da Cultura Escrita","PeriodicalId":186225,"journal":{"name":"Veredas - Revista Interdisciplinar de Humanidades","volume":"239 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-04-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Veredas - Revista Interdisciplinar de Humanidades","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.56242/revistavereda;2021;4;7;74-91","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Esse artigo tem como objetivo tecer algumas reflexões sobre a relação entre História e Literatura para discutir os processos de construção da narrativa histórica a partir da concepção de “verossimilhança” presente na escrita historiadora e “efeito do real” contido na escrita literária. Para exemplificar essa discussão será analisado o livro “As Memórias do Livro”, de autoria de Geraldine Brooks, para destacar a utilização que a literatura faz de fatos históricos para criar seu enredo/trama. Esse processo analítico irá decodificar os processos de “apropriação da operação historiadora” por parte da literatura a fim de estabelecer efeitos de veracidade da narrativa elaborada por esse romance histórico/policial. Tais artifícios narrativos acabam por falsear a compreensão do leitor, pois, ao lançar pequenos vestígios do real em sua trama literária, se constrói o engodo como forma de capturar o leitor. Nesse ponto, se estabelece o desafio da escrita da história que deve utilizar-se dos mecanismos narrativos da literatura sem estabelecer o engodo como mecanismo de conquista do seu leitor. A escrita da História encaminha-se para uma narrativa a “beira da falésia”. Pois, o debate sobre os limites e desafios da escrita em História a partir das noções de Operação Historiográfica e de Paradigma Indiciário e das apropriações dessas concepções pela literatura é de suma importância para o desenvolvimento da História da Cultura Escrita