{"title":"Ethos e Self em três orações em defesa das mulheres no renascimento","authors":"Ana Letícia Adami","doi":"10.11606/issn.1517-0128.v41i2p45-57","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"É largamente reconhecido no interior dos estudos das Humanidades, em especial no campo da Filosofia, a lacuna deixada acerca da compreensão do papel das mulheres e da sua produção intelectual no pensamento filosófico. Tal preocupação deve-se, em grande parte, à produção divulgada por outras áreas de estudos, como as de gênero e da teoria feminista. No caso do campo filosófico, trata-se de reconhecer que a história da filosofia nunca foi feita só por homens, ainda mais quando se tratou da defesa da liberdade das mulheres e da sua luta por inserção e reconhecimento intelectuais. Neste sentido, este trabalho visa analisar comparativamente três discursos em defesa da liberdade das mulheres, escritos por duas jovens autoras e um autor, em momentos distintos. Em primeiro lugar, temos o discurso de um jovem professor de retórica, Lorenzo Valla, contido no seu diálogo Do Prazer, de 1431; em segundo, temos o diálogo Il Merito delle Donne, da escritora veneziana Moderata Fonte, publicado postumamente em 1600; e, por fim, o texto da Tirannia Paterna, de outra escritora veneziana, a filósofa Arcangela Tarabotti, publicado postumamente em 1654. Em todos os três casos, tratam-se de discursos endereçados aos homens, em repúdio por seus crimes cometidos contra a liberdade das mulheres e o livre-arbítrio em geral. Desse modo, tomando como eixo de análise a semelhança temática entre tais textos, será de nosso interesse observar a relação entre o ethos dos falantes com o self dos autores nessas três orações distintas, levando em consideração ainda o gênero de discurso, a audiência, os efeitos retóricos e o contexto em que as obras se inscreveram.","PeriodicalId":175674,"journal":{"name":"Cadernos de Ética e Filosofia Política","volume":"128 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-12-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos de Ética e Filosofia Política","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v41i2p45-57","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
É largamente reconhecido no interior dos estudos das Humanidades, em especial no campo da Filosofia, a lacuna deixada acerca da compreensão do papel das mulheres e da sua produção intelectual no pensamento filosófico. Tal preocupação deve-se, em grande parte, à produção divulgada por outras áreas de estudos, como as de gênero e da teoria feminista. No caso do campo filosófico, trata-se de reconhecer que a história da filosofia nunca foi feita só por homens, ainda mais quando se tratou da defesa da liberdade das mulheres e da sua luta por inserção e reconhecimento intelectuais. Neste sentido, este trabalho visa analisar comparativamente três discursos em defesa da liberdade das mulheres, escritos por duas jovens autoras e um autor, em momentos distintos. Em primeiro lugar, temos o discurso de um jovem professor de retórica, Lorenzo Valla, contido no seu diálogo Do Prazer, de 1431; em segundo, temos o diálogo Il Merito delle Donne, da escritora veneziana Moderata Fonte, publicado postumamente em 1600; e, por fim, o texto da Tirannia Paterna, de outra escritora veneziana, a filósofa Arcangela Tarabotti, publicado postumamente em 1654. Em todos os três casos, tratam-se de discursos endereçados aos homens, em repúdio por seus crimes cometidos contra a liberdade das mulheres e o livre-arbítrio em geral. Desse modo, tomando como eixo de análise a semelhança temática entre tais textos, será de nosso interesse observar a relação entre o ethos dos falantes com o self dos autores nessas três orações distintas, levando em consideração ainda o gênero de discurso, a audiência, os efeitos retóricos e o contexto em que as obras se inscreveram.