{"title":"PATRIMÔNIO CULTURAL E SEGUNDA ESCRAVIDÃO: HISTÓRIA E MEMÓRIA DO VALE DO CAFÉ","authors":"Luana da Silva Oliveira","doi":"10.22533/at.ed.38921260811","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"1INTRODUÇÃO O objetivo principal deste artigo é tecer uma breve articulação da construção do Império do Brasil com a perspectiva regional do Vale do Paraíba Fluminense a partir da proposta de realizar um estudo de caso do município de Barra do Piraí. Associar o conjunto de bens culturais do patrimônio material, por meio de uma análise do Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense, com o patrimônio imaterial, através de pesquisa realizada para dissertação e mestrado sobre o jongo/caxambu, manifestação cultural de matriz africana que relaciona importante parte do passado escravista na região Sudeste. Para tanto, buscamos situar como o conceito de segunda escravidão, categoria originalmente elaborada por Dale Tomich, vem se evidenciando como possibilidade de novas perspectivas para os estudos de escravidão. A partir dessa vertente historiográfica, a escravidão não é mais tratada como uma entidade abstrata e separada da conjuntura e do contexto da qual fazia parte. Por isso, é esclarecida a necessidade de sua ligação com a expansão do capitalismo no século XIX, uma vez que está diretamente relacionada à época de expansão do mercado mundial sob a primazia da Grã-Bretanha e ao marco da Revolução Industrial. (TOMICH, 2011) O historiador Dale Tomich no livro Pelo Prisma da Escravidão. Trabalho, Capital e Economia Mundial fornece uma base argumentativa pautada nesse “conceitochave”. Defende a ideia de que entre os séculos XVI e XIX a escravidão não foi sempre a mesma e que um conjunto de transformações relacionadas a uma nova configuração do cenário internacional e do mercado mundial, influenciou diretamente áreas específicas de escravidão colonial. Um grande desequilíbrio na demanda de determinados produtos industrializados e agrícolas levou ao declínio de determinadas áreas e à expansão de outras.","PeriodicalId":374716,"journal":{"name":"História: Espaços, poder, cultura e sociedade","volume":"63 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-08-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"História: Espaços, poder, cultura e sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22533/at.ed.38921260811","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
1INTRODUÇÃO O objetivo principal deste artigo é tecer uma breve articulação da construção do Império do Brasil com a perspectiva regional do Vale do Paraíba Fluminense a partir da proposta de realizar um estudo de caso do município de Barra do Piraí. Associar o conjunto de bens culturais do patrimônio material, por meio de uma análise do Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense, com o patrimônio imaterial, através de pesquisa realizada para dissertação e mestrado sobre o jongo/caxambu, manifestação cultural de matriz africana que relaciona importante parte do passado escravista na região Sudeste. Para tanto, buscamos situar como o conceito de segunda escravidão, categoria originalmente elaborada por Dale Tomich, vem se evidenciando como possibilidade de novas perspectivas para os estudos de escravidão. A partir dessa vertente historiográfica, a escravidão não é mais tratada como uma entidade abstrata e separada da conjuntura e do contexto da qual fazia parte. Por isso, é esclarecida a necessidade de sua ligação com a expansão do capitalismo no século XIX, uma vez que está diretamente relacionada à época de expansão do mercado mundial sob a primazia da Grã-Bretanha e ao marco da Revolução Industrial. (TOMICH, 2011) O historiador Dale Tomich no livro Pelo Prisma da Escravidão. Trabalho, Capital e Economia Mundial fornece uma base argumentativa pautada nesse “conceitochave”. Defende a ideia de que entre os séculos XVI e XIX a escravidão não foi sempre a mesma e que um conjunto de transformações relacionadas a uma nova configuração do cenário internacional e do mercado mundial, influenciou diretamente áreas específicas de escravidão colonial. Um grande desequilíbrio na demanda de determinados produtos industrializados e agrícolas levou ao declínio de determinadas áreas e à expansão de outras.