C. N. D. Silveira, M. O. D. Almeida, A. P. B. S. Casimiro
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Abstract
A fim de melhor estabelecer uma relação entre a memória coletiva e as manifestações religiosas dos povos indígenas da América Portuguesa no século XVI, esta pesquisa teve como objetivo analisar, a partir dos relatos das cartas jesuíticas, as concepções de religião entendidas pelos missionários europeus e as manifestações religiosas dos grupos indígenas, em especial, dos povos Tupinambá, fortemente subsidiadas pela memória coletiva grupal. Por tratar-se de uma pesquisa histórico-documental, foram analisados alguns dos documentos coloniais do mencionado período, a exemplo das cartas jesuíticas da Monumenta Brasiliae (1538-1563), organizadas por Serafim Leite, e da coleção das cartas jesuíticas organizadas pela editora da Universidade de São Paulo (1988), além de escritos coloniais dos cronistas contemporâneos: Jean de Léry (2007), Hans Staden (2008), Fernão Cardim (1980), dentre outros. No que concerne aos estudos sobre memória, usou-se os conceitos de memória coletiva apresentados por Jacques Le Goff (2012) e Leroi-Gourhan (2002). Como método de abordagem, foram utilizadas as categorias dialéticas, uma vez que, ao analisar o contexto colonial da América Portuguesa no período em questão, é imprescindível considerar as relações das partes com a totalidade. Os estudos apontaram que, embora tentassem negar a presença de uma religião entre os indígenas, a organização social do grupo mantinha uma forte relação com elementos místicos, e a memória coletiva era o fio condutor que mantinha viva a busca pelo “bom lugar”.