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Abstract
A presente comunicação tem como objetivo analisar um dos possíveis significados atribuíveis ao altar de Iulia Victorina (Figuras 01,02,03,04), que é justamente o que se refere à passagem de tempo. Dessa maneira, outros significados não serão analisados ainda que sua existencia seja discutida, por por exemplo D`Ambra, Hijmans e Berly Rawson2. Para dar curso à análise do altar em questão, abordarei primeiramente dois outros casos onde há projeção de maturidade que nos servirão como um contraponto para comparações. No altar funerário de Gaius Petronius Virianus (100-110 d.C), morto com 10 anos (Figura 05), o menino é representado com os atributos de um cavaleiro. Mesmo que a aparência de Virianus seja de uma criança, ele está vestido como um membro da ordem equestre ou da cavalaria romana. Ou seja, ele é nitidamente projetado como um cavaleiro. A coroa de louros que traz consigo era utilizada numa procissão anual que acontecia em 15 de julho – transvectio equitum – na qual membros da ordem equestre se posicionavam em frente ao templo de Marte, nos arredores da cidade de Roma. Nesse caso, é a relação entre a aparencia infantil e atributos apenas realizáveis à idade adulta que permitem3 que ele seja considerado um caso de projeção de maturidade, uma vez que nele vemos refletidas as expectativas que eram depositadas sobre o menino quando vivo representadas de maneira visual. A projeção de maturidade era um recurso que poderia servir como uma forma de lamento fúnebre ao destacar os desejos que pareciam possíveis de serem realizados agora interrompidos pela morte. Entretanto, ainda que amplifique o phatos e o lamento a imagem de projeção servia como um dispositivo para consolar os vivos. Na imagem e na memória que essas imagens suscitariam aquelas crianças atingiriam a maturidade da forma esperada. Para entender melhor essa questão no pensamento romano referente a representar ou não