Sob o Império da Técnica: A Razão Instrumental e a Rejeição da Política na Formação do Banco Central do Brasil

R. V. C. D. Carvalho, A. Paula
{"title":"Sob o Império da Técnica: A Razão Instrumental e a Rejeição da Política na Formação do Banco Central do Brasil","authors":"R. V. C. D. Carvalho, A. Paula","doi":"10.1590/1984-92302023v30n0019pt","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo A partir da crítica à racionalidade instrumental, baseada em Weber, Habermas e Arendt, busca-se analisar, por meio de entrevistas das lideranças envolvidas na criação do Banco Central do Brasil (BCB), a tensão entre política e técnica na sua formação como burocracia. A pesquisa, de história oral, foi feita com base em entrevistas realizadas pelo CPDOC/FGV, publicadas em 2019, em 25 volumes da “Coleção História Contada do Banco Central do Brasil”, com lideranças que participaram da criação do BCB. Identificou-se, por meio das entrevistas, um discurso de rejeição à política em geral e de aversão às políticas de esquerda em específico, além da sagração da técnica ensejando uma visão tecnocrática do BCB, órgão que é tido como insulado burocraticamente, mas, no qual apenas uma técnica seria possível: a liberal-econômica de matriz neoclássica. Essas duas dimensões se combinam para estabelecer uma posição de sujeição da política à técnica em que até mesmo a democracia pode ser sacrificada para que se aproveitem oportunidades de implantação de uma determinada agenda técnico-econômica. Há indícios, portanto, de uma instrumentalidade da razão nas manifestações das lideranças do BCB, ao oporem técnica versus política, o que pode acarretar um processo de banalização do mal tal qual criticado por Arendt, sobretudo, ao enxergar regimes de exceção no país como meras oportunidades de criação do BCB e de implantação de uma agenda liberal-econômica. Essa perspectiva transforma a técnica em um entrave político, inclusive, com a rejeição ao maior produto de participação política democrática do país, a Constituição de 1988.","PeriodicalId":206469,"journal":{"name":"Organizações & Sociedade","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Organizações & Sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/1984-92302023v30n0019pt","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

Resumo A partir da crítica à racionalidade instrumental, baseada em Weber, Habermas e Arendt, busca-se analisar, por meio de entrevistas das lideranças envolvidas na criação do Banco Central do Brasil (BCB), a tensão entre política e técnica na sua formação como burocracia. A pesquisa, de história oral, foi feita com base em entrevistas realizadas pelo CPDOC/FGV, publicadas em 2019, em 25 volumes da “Coleção História Contada do Banco Central do Brasil”, com lideranças que participaram da criação do BCB. Identificou-se, por meio das entrevistas, um discurso de rejeição à política em geral e de aversão às políticas de esquerda em específico, além da sagração da técnica ensejando uma visão tecnocrática do BCB, órgão que é tido como insulado burocraticamente, mas, no qual apenas uma técnica seria possível: a liberal-econômica de matriz neoclássica. Essas duas dimensões se combinam para estabelecer uma posição de sujeição da política à técnica em que até mesmo a democracia pode ser sacrificada para que se aproveitem oportunidades de implantação de uma determinada agenda técnico-econômica. Há indícios, portanto, de uma instrumentalidade da razão nas manifestações das lideranças do BCB, ao oporem técnica versus política, o que pode acarretar um processo de banalização do mal tal qual criticado por Arendt, sobretudo, ao enxergar regimes de exceção no país como meras oportunidades de criação do BCB e de implantação de uma agenda liberal-econômica. Essa perspectiva transforma a técnica em um entrave político, inclusive, com a rejeição ao maior produto de participação política democrática do país, a Constituição de 1988.
技术帝国下:巴西中央银行形成过程中的工具理性与政治拒绝
摘要本文从韦伯、哈贝马斯和阿伦特对工具理性的批判出发,通过对参与巴西中央银行(BCB)创建的领导人的访谈,分析了巴西中央银行作为官僚机构的形成过程中政治与技术之间的紧张关系。这项口述历史研究是基于CPDOC/FGV于2019年出版的《巴西中央银行故事集》(colecao historia Contada do Banco Central do Brasil) 25卷的采访,采访对象是参与创建BCB的领导人。查到了,通过采访,拒绝一般政治演讲并规避政策的后果,除了仪式BCB的技术技巧ensejando远见,被认为是,那就是你要安装的官僚主义,但是,这只是一种可能:自由-econômica矩阵决定。这两个维度结合在一起,建立了一种政治服从技术的地位,在这种地位中,甚至民主都可能被牺牲,以利用实施特定技术和经济议程的机会。证据的手段,所以,正确领导BCB的示威,反对技术与政策,可能造成一个平庸的邪恶的过程就象处在阿伦特,最重要的是,在看到这个异常在国家计划根据BCB创造机会和自由-econômica日程部署。这种观点把技术变成了一种政治障碍,包括拒绝接受该国民主政治参与的最大产物——1988年宪法。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
0
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:604180095
Book学术官方微信