João Gabriel Bertucci Lima, Ayres Fernando Rodrigues, R. L. Marcos
{"title":"OSTEOMIELITE CRÔNICA EM OSSOS LONGOS: UMA REVISÃO","authors":"João Gabriel Bertucci Lima, Ayres Fernando Rodrigues, R. L. Marcos","doi":"10.5585/comamedvg.2022.20","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A osteomielite crônica (OC) é uma condição clínica de elevada morbidade apesar da baixa taxa de mortalidade. Os pacientes comumente cursam com infecções reincidentes e baixa resposta aos tratamentos. A longo prazo a doença afeta sua qualidade de vida e onera o sistema de saúde. Devido a esse quadro, a osteomielite é um desafio do ponto de vista de compreensão da patogenia e de escolha da estratégia de tratamento. Objetivo: Revisar os aspectos da OC a fim de elucidar os conceitos já estabelecidos em literatura e identificar possíveis lacunas que abram perspectivas a novos estudos. Materiais e métodos: Houve um levantamento nas bases de dados PubMed, Lilacs e Cochrane Library com o descritor: Osteomielite crônica somados aos termos curso clínico, diagnóstico e tratamento. Resultados: A OC pode ser organizada por definição, classificação, patogenia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Quanto à classificação, Cierny et al considera o padrão do acometimento ósseo de acordo com a etiologia e as condições do hospedeiro. Essa classificação estabelece as diretrizes para o tratamento. Já a identificação do agente etiológico permite prever o comportamento de bactérias na formação do biofilme e compreender fenômenos de recidiva de infecções e resistência aos antibióticos. Na osteomielite crônica o patógeno mais comum é o Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. Com relação ao quadro clínico da doença, normalmente os pacientes possuem histórico de infecção prévia local ou sistêmica. As manifestações específicas podem incluir dor local profunda, calor, edema e eritema cutâneo, além de sintomas gerais, como inapetência e febre. Ferida cirúrgica secretiva purulenta ou formação de fístulas cutâneas também são achados bastante sugestivos. Exames laboratoriais relevantes incluem hemograma, pois a leucocitose é o principal marcador de infecções agudas. Na OC, os valores celulares do leucograma podem ser normais. Os marcadores inflamatórios como a velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa sérica se elevam na fase aguda de infecção e tendem a se normalizar após tratamento cirúrgico. Um novo pico no valor da PCR três dias após a manipulação cirúrgica ou introdução da antibioticoterapia é sugestivo de reinfecção ou falha do tratamento. O tratamento da OC deve ser multifásico e envolver a compensação clínica do paciente, tratamento medicamentoso com antibioticoterapia e abordagem cirúrgica. O uso dos antibióticos pode ser feito de forma sistêmica, seja como profilaxia ou tratamento; na solução de irrigação, a ser usada em limpeza cirúrgica; e em dispositivo a ser introduzido no paciente durante o procedimento cirúrgico. Conclusão: O tema OC tem apresentado novas atualizações na literatura o que favorece o entendimento dos fenômenos patogênicos assim como novas técnicas e opções de tratamento cirúrgico. Isso permite estabelecer estratégias promissoras de tratamento combinado que mostram resultados satisfatórios em diversos cenários e situações melhorando o manejo dos pacientes acometidos pela OC. Palavras-chave: osteomielite, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento.","PeriodicalId":374989,"journal":{"name":"Anais do Congresso Médico Acadêmico da Universidade Nove de Julho","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-05-19","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Anais do Congresso Médico Acadêmico da Universidade Nove de Julho","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5585/comamedvg.2022.20","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A osteomielite crônica (OC) é uma condição clínica de elevada morbidade apesar da baixa taxa de mortalidade. Os pacientes comumente cursam com infecções reincidentes e baixa resposta aos tratamentos. A longo prazo a doença afeta sua qualidade de vida e onera o sistema de saúde. Devido a esse quadro, a osteomielite é um desafio do ponto de vista de compreensão da patogenia e de escolha da estratégia de tratamento. Objetivo: Revisar os aspectos da OC a fim de elucidar os conceitos já estabelecidos em literatura e identificar possíveis lacunas que abram perspectivas a novos estudos. Materiais e métodos: Houve um levantamento nas bases de dados PubMed, Lilacs e Cochrane Library com o descritor: Osteomielite crônica somados aos termos curso clínico, diagnóstico e tratamento. Resultados: A OC pode ser organizada por definição, classificação, patogenia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Quanto à classificação, Cierny et al considera o padrão do acometimento ósseo de acordo com a etiologia e as condições do hospedeiro. Essa classificação estabelece as diretrizes para o tratamento. Já a identificação do agente etiológico permite prever o comportamento de bactérias na formação do biofilme e compreender fenômenos de recidiva de infecções e resistência aos antibióticos. Na osteomielite crônica o patógeno mais comum é o Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. Com relação ao quadro clínico da doença, normalmente os pacientes possuem histórico de infecção prévia local ou sistêmica. As manifestações específicas podem incluir dor local profunda, calor, edema e eritema cutâneo, além de sintomas gerais, como inapetência e febre. Ferida cirúrgica secretiva purulenta ou formação de fístulas cutâneas também são achados bastante sugestivos. Exames laboratoriais relevantes incluem hemograma, pois a leucocitose é o principal marcador de infecções agudas. Na OC, os valores celulares do leucograma podem ser normais. Os marcadores inflamatórios como a velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa sérica se elevam na fase aguda de infecção e tendem a se normalizar após tratamento cirúrgico. Um novo pico no valor da PCR três dias após a manipulação cirúrgica ou introdução da antibioticoterapia é sugestivo de reinfecção ou falha do tratamento. O tratamento da OC deve ser multifásico e envolver a compensação clínica do paciente, tratamento medicamentoso com antibioticoterapia e abordagem cirúrgica. O uso dos antibióticos pode ser feito de forma sistêmica, seja como profilaxia ou tratamento; na solução de irrigação, a ser usada em limpeza cirúrgica; e em dispositivo a ser introduzido no paciente durante o procedimento cirúrgico. Conclusão: O tema OC tem apresentado novas atualizações na literatura o que favorece o entendimento dos fenômenos patogênicos assim como novas técnicas e opções de tratamento cirúrgico. Isso permite estabelecer estratégias promissoras de tratamento combinado que mostram resultados satisfatórios em diversos cenários e situações melhorando o manejo dos pacientes acometidos pela OC. Palavras-chave: osteomielite, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento.