{"title":"TEIA ALIMENTAR DOS ORGANISMOS CAPTURADOS NA PESCA DE ARRASTO ATRAVÉS DE ANÁLISES ISOTÓPICAS","authors":"G. Gonçalves, G. Rodrigues, M. Negreiros-Fransozo","doi":"10.21826/2178-7581X2018062","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A pesca de arrasto voltada a captura de camarões é extremamente predatória e não seletiva, causando declínio de espécies alvo e fauna acompanhante. Estes organismos podem estar envolvidos em diversas interações biológicas durante sua vida. Analisar as prováveis interações alimentares e posições tróficas das espécies, que compõem diversos níveis tróficos (NT) marinhos, é vital para a descrição do status ecológico de espécies exploradas intencionalmente ou acidentalmente pela pesca não seletiva de arrasto. Logo o objetivo deste estudo foi analisar as interações da teia alimentar dos organismos coletados na pesca de arrasto na região de Cananéia, SP, através de análises isotópicas do δ13C e δ15N. Amostramos 23 espécies e dois grupos de zooplâncton que compõem a teia trófica nesta região, ocupando até o quinto NT de enriquecimento. No nível de consumidores primários tivemos zooplâncton e o camarão Acetes americanos Ortmann, 1893. Os crustáceos de valor comercial (Callinectes danae Smith, 1869, Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936), Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862)) estiveram entre os consumidores primários e secundários. Contudo, como predadores de topo nesta interação, encontramos espécies do zooplâncton gelatinoso (medusas). A análise de cluster identificou grupos distintos de consumidores usando C e N, com similaridades nos valores associados, demonstrando cinco conjuntos: A) Penaeoidea, Sergestoidea, Brachyura, e zooplâncton de 250μ, sendo estes NT2 e 3; B) três espécies de crustáceos, NT2 e 3; C) 7 espécies compostas por peixes, crustáceos, Cephalopoda, Hydrozoa, em NT3; D) representado por peixes de NT3; E) agrupamento do zooplâncton de 500μ e gelatinoso em NT4 e 5. Observamos para Libinia ferreirae Brito Capello, 1871 na fase juvenil associada a medusa e adulto de vida livre, uma diferença nos valores de N, onde o N do caranguejo associado foi próximo da sua medusa hospedeira. Similaridades no nível de N em organismos que vivem relações simbióticas podem estar relacionado com comportamentos de cleptoparasitismo. Neste estudo foi possível observar que um único organismo pode estar relacionado com uma grande variedade de predadores visto o aumento do enriquecimento do nitrogênio na teia trófica. A descrição dos nichos isotópicos fornece um quadro geral dos papéis tróficos e interações entre as espécies, permitindo uma avaliação de possíveis direções de mudanças na comunidade resultantes da remoção ou proliferação de consumidores-chave.","PeriodicalId":175754,"journal":{"name":"Livro de Resumos do X Congresso Brasileiro sobre Crustáceos","volume":"51 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-11-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Livro de Resumos do X Congresso Brasileiro sobre Crustáceos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.21826/2178-7581X2018062","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
A pesca de arrasto voltada a captura de camarões é extremamente predatória e não seletiva, causando declínio de espécies alvo e fauna acompanhante. Estes organismos podem estar envolvidos em diversas interações biológicas durante sua vida. Analisar as prováveis interações alimentares e posições tróficas das espécies, que compõem diversos níveis tróficos (NT) marinhos, é vital para a descrição do status ecológico de espécies exploradas intencionalmente ou acidentalmente pela pesca não seletiva de arrasto. Logo o objetivo deste estudo foi analisar as interações da teia alimentar dos organismos coletados na pesca de arrasto na região de Cananéia, SP, através de análises isotópicas do δ13C e δ15N. Amostramos 23 espécies e dois grupos de zooplâncton que compõem a teia trófica nesta região, ocupando até o quinto NT de enriquecimento. No nível de consumidores primários tivemos zooplâncton e o camarão Acetes americanos Ortmann, 1893. Os crustáceos de valor comercial (Callinectes danae Smith, 1869, Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936), Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862)) estiveram entre os consumidores primários e secundários. Contudo, como predadores de topo nesta interação, encontramos espécies do zooplâncton gelatinoso (medusas). A análise de cluster identificou grupos distintos de consumidores usando C e N, com similaridades nos valores associados, demonstrando cinco conjuntos: A) Penaeoidea, Sergestoidea, Brachyura, e zooplâncton de 250μ, sendo estes NT2 e 3; B) três espécies de crustáceos, NT2 e 3; C) 7 espécies compostas por peixes, crustáceos, Cephalopoda, Hydrozoa, em NT3; D) representado por peixes de NT3; E) agrupamento do zooplâncton de 500μ e gelatinoso em NT4 e 5. Observamos para Libinia ferreirae Brito Capello, 1871 na fase juvenil associada a medusa e adulto de vida livre, uma diferença nos valores de N, onde o N do caranguejo associado foi próximo da sua medusa hospedeira. Similaridades no nível de N em organismos que vivem relações simbióticas podem estar relacionado com comportamentos de cleptoparasitismo. Neste estudo foi possível observar que um único organismo pode estar relacionado com uma grande variedade de predadores visto o aumento do enriquecimento do nitrogênio na teia trófica. A descrição dos nichos isotópicos fornece um quadro geral dos papéis tróficos e interações entre as espécies, permitindo uma avaliação de possíveis direções de mudanças na comunidade resultantes da remoção ou proliferação de consumidores-chave.