Paulo Romualdo Hernandes, João Ricardo dos Santos Campanholo, Antônio Santos de Oliveira Júnior
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Abstract
Neste artigo, analisa-se a Autobiografia de Loyola e o Sermão a Santo Inácio, do Padre Antônio Vieira, investigando aspectos importantes narrados por Loyola e aproveitados por Vieira, relacionados às mudanças nos modos de leitura para homens leigos: a leitura solitária, íntima, interior, individual. Esses novos modos de leitura tiveram início, segundo parece a Foucault, no século XIV, com a Devotio Moderna, propagados pelos Irmãos de Vida Comum, transformações que seriam consideradas por Ariès e Chartier como de maior avanço da modernidade. O caminho de análise do discurso leva em conta que tanto Inácio de Loyola quanto o Padre Vieira expressam em seus escritos o que lhes era visível enquanto membros de uma ordem religiosa católica, dos séculos XVI e XVII, respectivamente. O estudo da narrativa e do Sermão a Santo Inácio revela que os jesuítas, embora inscritos na modernidade, seguiam firmes na defesa de uma mentalidade religiosa de disciplinar o que os fiéis deviam ou não ler. No século XVI, de Loyola, os perigos da leitura solitária envolviam a interpretação, compreensão e escrita de textos por pessoas leigas e protestantes, longe dos olhos vigilantes da Igreja Católica. No século XVII, de Vieira, o ataque à autoridade e tradição da Igreja devia-se à mentalidade racional/científica que se estabelecia na Europa nesse mesmo período.