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Abstract
Este artigo possui como intuito realizar uma leitura do excerto Formas que precedem a produção capitalista que procura o localizar no interior da concepção de exposição levada a cabo nos Grundrisse, conjunto de manuscritos redigidos por Karl Marx entre 1857-58. Desse ponto de vista, menos que uma doutrina da sucessão dos modos de produção, encontramos no referido excerto um ponto nodal do projeto da crítica da economia política: a exposição do “passado situado por detrás” do sistema capitalista revela os “pontos em que a análise histórica tem de ser introduzida”, o que acarreta uma concepção de crítica da ideologia cuja característica fundamental é a inserção metódica de elementos históricos. Trata-se, num primeiro momento, de fazer ver de que modo o andamento expositivo dos Grundrisse concebe o capital como sujeito: capaz de colocar seus próprios pressupostos e reproduzir-se a partir deles, o capital se estabelece como um modo de produção que olvida seus pressupostos históricos, especialmente a acumulação primitiva, o que levou às representações ahistóricas do capital por parte dos economistas políticos que Marx criticou em sua obra de maturidade. Num segundo momento, tendo já delimitado a concepção de exposição que sustenta Formas que precedem a produção capitalista, propomos uma análise desse excerto que evidencia a compreensão marxiana da história como notadamente descontinuísta e anti-evolucionista. Argumentamos, por fim, que a concepção de exposição desenvolvida por Marx nos Grundrisse, ao metodicamente “corrigir a maneira idealista da exposição” provinda da dialética hegeliana, consegue levar a cabo tanto uma crítica da economia política quanto uma fundamentação da dialética materialista.