{"title":"Linguagem e economia política em ativismos no twitter sobre o uso de ‘linguagem neutra’","authors":"Inês Signorini, Maria Inêz Probst Lucena","doi":"10.25189/rabralin.v22i1.2143","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Nas últimas décadas, os ativismos LGBTQIA+ em todo o mundo têm reivindicado uma linguagem mais inclusiva, criando termos não binários inteiramente novos ou reformulando palavras e construções gramaticais já existentes. No Brasil, tal reivindicação adquiriu recentemente papel relevante na agenda política oficial, tendo sido objeto de ações oficiais de repúdio e indignação, através de projetos de lei que têm buscado proibir o uso institucional dessa linguagem alegando falta de legitimidade linguística, moral e política. O foco deste artigo está na abordagem da questão da linguagem neutra numa rede social, o Twitter, em discussões de natureza metapragmática no desenho estratégico do chamado bolsonarismo algorítmico nas redes sociais. Conforme mostramos, a articulação de discursos contemporâneos sobre economia linguística (GAL; IRVINE, 2000) e ativismo político nas redes sociais (MALY, 2018; 2020; CESARINO, 2019a; 2019b) por brasileiros que se posicionam sobre a adequação e legitimidade do conceito de linguagem neutra se dá graças ao grafocentrismo escolar e de senso comum que legitima a divisão e ordenação de formas e sentidos linguísticos, correlacionando-os à divisão e ordenação dos atores sociais entre aqueles que falam/podem falar porque reproduzem convenções institucionais do “bom uso” da língua e os que só fazem ruído, nos termos de Rancière (1995). A base empírica é constituída de tweets produzidos em 2021-2022 e coletados através de buscas por palavras-chave incluindo a expressão “linguagem neutra”.","PeriodicalId":298582,"journal":{"name":"Revista da ABRALIN","volume":"62 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-06-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista da ABRALIN","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25189/rabralin.v22i1.2143","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Nas últimas décadas, os ativismos LGBTQIA+ em todo o mundo têm reivindicado uma linguagem mais inclusiva, criando termos não binários inteiramente novos ou reformulando palavras e construções gramaticais já existentes. No Brasil, tal reivindicação adquiriu recentemente papel relevante na agenda política oficial, tendo sido objeto de ações oficiais de repúdio e indignação, através de projetos de lei que têm buscado proibir o uso institucional dessa linguagem alegando falta de legitimidade linguística, moral e política. O foco deste artigo está na abordagem da questão da linguagem neutra numa rede social, o Twitter, em discussões de natureza metapragmática no desenho estratégico do chamado bolsonarismo algorítmico nas redes sociais. Conforme mostramos, a articulação de discursos contemporâneos sobre economia linguística (GAL; IRVINE, 2000) e ativismo político nas redes sociais (MALY, 2018; 2020; CESARINO, 2019a; 2019b) por brasileiros que se posicionam sobre a adequação e legitimidade do conceito de linguagem neutra se dá graças ao grafocentrismo escolar e de senso comum que legitima a divisão e ordenação de formas e sentidos linguísticos, correlacionando-os à divisão e ordenação dos atores sociais entre aqueles que falam/podem falar porque reproduzem convenções institucionais do “bom uso” da língua e os que só fazem ruído, nos termos de Rancière (1995). A base empírica é constituída de tweets produzidos em 2021-2022 e coletados através de buscas por palavras-chave incluindo a expressão “linguagem neutra”.