{"title":"O SERTÃO TAMBÉM SAMBA: REFLEXÕES SOBRE O SAMBA DE RODA NO DISCURSO ETNOMUSICOLÓGICO","authors":"Charles Exdell","doi":"10.30620/p.i..v8i2.5919","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo propõe um novo conceito etnogeográfico para o samba de roda que inclui o semiárido da Bahia. Diante da ascensão do samba de roda enquanto objeto de estudo acadêmico e patrimônio do Estado, forma-se um senso comum em que este samba pertence particularmente ao Recôncavo baiano, o território por volta da Baía de Todos os Santos, e melhor reflete uma identidade baiana exclusiva às comunidades negras dessa região. A realidade do interior da Bahia — do Recôncavo até os sertões do Rio São Francisco — demonstra que o samba de roda é igualmente importante às comunidades rurais multirraciais de diversas regiões do estado, contudo, cria e reflete realidades distintas. Reconhecer isso envolve enfrentar fatos incômodos: a exclusão histórica do semiárido do discurso sobre a identidade baiana, a negação da influência da cultura afrobaiana no sertão e o incontável número de ‘pequenos mundos de samba’ que desafiam os inventários e classificações utilizados na construção do patrimônio do estado.","PeriodicalId":128891,"journal":{"name":"Pontos de Interrogação — Revista de Crítica Cultural","volume":"43 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-02-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Pontos de Interrogação — Revista de Crítica Cultural","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.30620/p.i..v8i2.5919","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Este artigo propõe um novo conceito etnogeográfico para o samba de roda que inclui o semiárido da Bahia. Diante da ascensão do samba de roda enquanto objeto de estudo acadêmico e patrimônio do Estado, forma-se um senso comum em que este samba pertence particularmente ao Recôncavo baiano, o território por volta da Baía de Todos os Santos, e melhor reflete uma identidade baiana exclusiva às comunidades negras dessa região. A realidade do interior da Bahia — do Recôncavo até os sertões do Rio São Francisco — demonstra que o samba de roda é igualmente importante às comunidades rurais multirraciais de diversas regiões do estado, contudo, cria e reflete realidades distintas. Reconhecer isso envolve enfrentar fatos incômodos: a exclusão histórica do semiárido do discurso sobre a identidade baiana, a negação da influência da cultura afrobaiana no sertão e o incontável número de ‘pequenos mundos de samba’ que desafiam os inventários e classificações utilizados na construção do patrimônio do estado.