Milena Ísis Coser, Maria Eduarda Da Rocha Camargo, Gabriela Müller Lourenço, Claudia Lúcia Menegatti
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Abstract
O presente artigo discutiu os temas da interdição legal, sobretudo o processo da curatela, e medicalização de pessoas com transtornos mentais, a partir do estudo de caso do documentário Britney X Spears (Carr, 2021). As reflexões propostas trouxeram o tema da influência dos valores pós-modernos, como o individualismo. Neste cenário, por meio do foco em ideais como produtividade e alta responsabilidade atribuídas ao indivíduo por suas escolhas, a lógica pós-moderna afeta também o campo médico e jurídico da sociedade. O trabalho objetivou refletir sobre as consequências subjetivas dos processos de interdição legal e da medicalização da vida em pessoas com transtornos mentais e sua correlação à sociedade pós-moderna, ao investigar suas manifestações a partir dos dados expostos no longa-metragem. O método utilizado para o estudo de caso do material foi a análise documental comparada à literatura. Os resultados obtidos apontam para a interdição e medicalização, apoiadas na judicialização da saúde, como processos vinculados ao contexto pós-moderno. Ambos os fenômenos estudados desempenham papéis reforçadores dos estigmas relacionados às psicopatologias, como consequência do reducionismo biologicista - pela perspectiva biomédica - e do reducionismo de causalidade - pelo âmbito jurídico. A percepção de pessoas com transtornos mentais associadas à incapacidade, na interdição e na medicalização, foi explorada a partir do que foi exibido no documentário sobre a artista Britney Jean Spears. Conclui-se que, no contexto pós-moderno, comportamentos geradores de sofrimento psíquico são reforçados pela atuação biomédica e jurídica, ao mesmo tempo que esses reproduzem estereótipos das psicopatologias por mecanismos de poder.