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Abstract
A Guiné-Bissau, das colônias portuguesas, é aquela em que mais tardiamente a literatura prosperou em virtude do atraso do surgimento de condições socioculturais adequadas e estimuladoras de vocações literárias. São vários os elementos que lançam luz a essa situação desanimadora, resumidos, em boa medida, no fato de a região ter sido colonizada à luz de uma filosofia de exploração e não de assentamento. Surge daí certo desinteresse institucional pela educação formal, traduzida em frágil implantação de estruturas educacionais e culturais. Nessas condições, o número de guineenses que dominavam o português na modalidade escrita era mínimo. Explica-se por tal política educativa colonial restritiva e tardia que o primeiro estabelecimento de ensino secundário iniciou seu funcionamento, na Guiné-Bissau, apenas em 1958. Em contexto cultural tão árido, a atuação literária, em certo sentido, pioneira do escritor guineense Vasco Cabral tem um efeito de arejar a literatura da Guiné Bissau por meio de poemas que, pagando tributo à função ética da literatura, não deixavam de lado a função estética. Nesse sentido, estabeleceu por meio de sua arte um padrão literário seguido por uma série de outros escritores que lhe seguiram na tarefa de consolidar a literatura guineense de língua portuguesa.