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Abstract
Distingue-se, na História da Arte, visualidade háptica de visualidade óptica. A última toma e proporciona um distanciamento suficiente para que as coisas sejam percebidas como formas distintas no espaço, dependendo da separação entre o sujeito espectador e o objeto. A visualidade háptica, distintamente, tende a se mover sobre a superfície do seu objeto ao invés de criar uma profundidade ilusionista, não para distinguir formas, mas para explorar texturas. O austríaco Alois Riegl é quem primeiro tomou emprestado o termo háptico dos estudos de fisiologia e o empregou no campo da História da Arte para realizar a distinção entre a visualidade háptica e a visualidade óptica, sendo a última marcada, sobretudo, pelo distanciamento entre sujeito e objeto. Marks nos aponta como depois de Riegl, Adolf Hildebrand e outros historiadores da arte foram os primeiros a observarem as variações culturais da representação do espaço em imagens e as analisar desde uma abordagem histórica sobre o olhar. É com teóricas feministas dos estudos fílmicos como Laura Marks que uma contraposição crítica a abordagem de Riegl ganha repercussão na contemporaneidade. O austríaco observou o desenvolvimento do estilo háptico da antiga arte egípcia, que mantinha a aparência isolada dos objetos, em unificação e aderência ao plano, em direção ao estilo óptico da arte romana tardia e a influência dos bárbaros em um tipo de relação com a imagem pautada na transcendência, onde falta uma conexão tátil entre os objetos e o plano. Para Marks2, ele explicitamente aponta que a arte ocidental, de maneira evoluída, buscou a similaridade com os objetos através da representação, em vez de através do contato, no que se colocou, para o historiador, uma crescente abstração e participação do simbólico. É com ironia que Marks se contapõe a essa leitura: