O melhor do mais do mesmo: o Diderot de Andrew S. Curran

Paulo Jonas de Lima Piva
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Abstract

Ficou muito mais fácil e prazeroso escrever uma biografia de Denis Diderot depois do monumental Diderot, de Arthur Wilson. Obra lapidada ao longo de trinta e seis anos, o empreendimento existencial de Wilson, de 917 páginas em sua edição original, foi publicado em língua inglesa em duas etapas, a primeira em 1957 e a segunda em 1972. Em português, a megabiografia apareceu apenas em 2012, de uma única vez, pela editora Perspectiva, com 1024 páginas. Do nascimento de Diderot no vilarejo de Langres, em 5 de outubro de 1713, como primogênito de quatro irmãos sobreviventes e de cinco irmãos mortos ainda crianças, no seio de uma família pequeno-burguesa e muito católica, à sua morte, em 31 de julho de 1784, à mesa, durante um café da manhã, num confortável apartamento em Paris, bancado pela imperatriz filósofa Catarina II, passando pelo golpe financeiro de “vigarista ocasional” dado por ele em um carola carmelita que insistentemente queria convertê-lo à sua seita, tudo de mais fundamental e relevante sobre a vida de Diderot encontramos no livro de Wilson. Trata-se, portanto, da biografia definitiva do maestro e capitão da Enciclopédia, pelo menos até o momento, fato confirmado pela publicação da mais nova biografia de Diderot, Diderot e a arte de pensar livremente, de Andrew S. Curran, em 2019, nos Estados Unidos, e, em 2022, no Brasil, pela editora Todavia. Curran, que é “professor de humanidades” numa universidade estadunidense, autor do ainda inédito em português A anatomia da negritude: ciência e escravidão na era do Iluminismo e, sobretudo, leitor de Diderot por muitos anos, não ignora, e nem poderia ignorar, o trabalho de Wilson. Aliás, a impressão que se tem ao término da leitura do livro de Curran é que ele, que levou quatro anos para escrever sua biografia de Diderot, incluindo um ano sabático, fez do seu fichamento do livro de Wilson uma das bases do seu próprio livro, que é uma biografia, além de mais enxuta em páginas, mais informal, e por isso mais leve e dinâmica em termos narrativos do que a de Wilson. Nesse sentido, do ponto de vista estrito dos estudos especializados sobre Diderot, ou seja, das hipóteses interpretativas sobre os seus textos, do debate teórico sobre o seu pensamento e das novidades sobre sua vida, o livro de Curran não proporciona nenhuma contribuição significativa. Poderíamos dizer que, essencialmente, o livro de Curran retifica de algum modo e atualiza a biografia de Wilson na sua forma e repete no conteúdo, só que com outras palavras e outra retórica, Pierre Lepape, Gerhard Stenger, Jean-Paul Jouary e mais recentemente Dominique Lecourt. Em suma, para quem
狄德罗·德·安德鲁·s·柯伦
在阿瑟·威尔逊(Arthur Wilson)的不朽著作《狄德罗》(Diderot)之后,为丹尼斯·狄德罗(Denis Diderot)写传记变得容易得多,也令人愉快得多。这本书历时36年,原稿共917页,分两个阶段用英文出版,第一个阶段在1957年,第二个阶段在1972年。在葡萄牙语中,megabiography直到2012年才出现,只有一次,由editora perspective出版,共1024页。狄德罗在村庄勃出生的,1713年10月5日,竟能从四个兄弟和五个兄弟姊妹还是孩子在家庭的小资产阶级和天主教徒去世,1784年7月31日,在早餐桌上,在巴黎的寓所,并保存后哲学家凯瑟琳二世通过他给一个坚持想让他皈依他的教派的迦密派卡罗拉的“偶尔的骗子”的经济骗局,我们在威尔逊的书中找到了关于狄德罗生活的所有更基本和相关的东西。因此,至少到目前为止,这是《百科全书》的指挥和队长的权威传记,这一事实得到了安德鲁·s·柯伦(Andrew S. Curran) 2019年在美国出版的最新狄德罗传记《狄德罗与自由思考的艺术》(Diderot and the art of think free)和2022年在巴西出版的出版社mais的证实。柯伦是一所美国大学的“人文学科教授”,著有尚未出版的葡萄牙语著作《黑人解剖学:启蒙时代的科学与奴隶制》,最重要的是,他多年来一直是狄德罗的读者,他没有忽视,也不可能忽视威尔逊的作品。事实上,感觉有一个阅读的书伦他的传记,花了四年才写狄德罗,包括一个安息日,就是书的fichamento威尔逊基地一的书,是一本传记,除了瘦在页更随意,更轻,威尔逊的叙事动力。从这个意义上说,从狄德罗专业研究的严格角度来看,即对狄德罗文本的解释性假设,对他思想的理论辩论和关于他生活的新闻,柯伦的书并没有提供任何重大贡献。我们可以说,从本质上说,柯伦的书在某种程度上纠正和更新了威尔逊的传记,并在内容上重复了皮埃尔·勒佩普、格哈德·斯坦格、让-保罗·朱里和最近的多米尼克·勒库尔的其他词语和修辞。简而言之,对于那些
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