{"title":"A produtividade de ruínas da dissertação de vestibular/redação do Enem em resenhas na universidade","authors":"Maria Luiza Carucci Alves","doi":"10.32988/rep.v10n1.1561","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este trabalho objetiva analisar ruínas (CORRÊA, 2006) do gênero redação escolar presentes no gênero resenha. Especificamente, pretende-se, buscando refletir sobre como tem sido desenvolvido o ensino de escrita nesses níveis de escolarização: (a) analisar de que forma o escrevente se vale da estrutura composicional de outros gêneros na elaboração de uma resenha; (b) investigar em que medida o escrevente dialoga com práticas de letramentos escolares típicas da educação básica e de que forma se utiliza dessas práticas na elaboração do gênero resenha; (c) analisar como o escrevente se insere (ou tenta se inserir) em práticas de escrita da esfera acadêmica e (d) refletir sobre o ensino de escrita na educação básica e na universidade a partir dos indícios da imagem que o escrevente faz da escrita nesses níveis de escolarização. O corpus são resenhas produzidas por discentes de Letras em dois eventos: um curso de extensão e uma disciplina obrigatória do Curso de Letras de uma universidade pública. Para a análise, optou-se pelo paradigma indiciário (GINZBURG, 1991) a fim de identificar pistas linguísticas para a análise dos gestos do escrevente na produção do gênero resenha. Verificou-se, assim, por meio das escolhas lexicais e também da estrutura das resenhas produzidas, um trânsito na escrita do escrevente entre a redação de vestibular e a resenha, uma vez que ora se apresentou um diálogo com as práticas de letramentos escolares típicas da educação básica, ora com as práticas de escrita do contexto universitário. Tal aspecto reforça a ideia de que o trabalho com a escrita, de um modo geral, deveria se distanciar da noção de linguagem como adequação ao modelo para dar lugar à concepção de escrita como processo e à linguagem como acontecimento. Conclui-se que as ruínas de um gênero em outro podem se configurar um recurso positivo para a construção da prática de escrita do gênero resenha e, consequentemente, das práticas de letramentos desse escrevente.","PeriodicalId":426162,"journal":{"name":"Revista (Entre Parênteses)","volume":"31 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista (Entre Parênteses)","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.32988/rep.v10n1.1561","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este trabalho objetiva analisar ruínas (CORRÊA, 2006) do gênero redação escolar presentes no gênero resenha. Especificamente, pretende-se, buscando refletir sobre como tem sido desenvolvido o ensino de escrita nesses níveis de escolarização: (a) analisar de que forma o escrevente se vale da estrutura composicional de outros gêneros na elaboração de uma resenha; (b) investigar em que medida o escrevente dialoga com práticas de letramentos escolares típicas da educação básica e de que forma se utiliza dessas práticas na elaboração do gênero resenha; (c) analisar como o escrevente se insere (ou tenta se inserir) em práticas de escrita da esfera acadêmica e (d) refletir sobre o ensino de escrita na educação básica e na universidade a partir dos indícios da imagem que o escrevente faz da escrita nesses níveis de escolarização. O corpus são resenhas produzidas por discentes de Letras em dois eventos: um curso de extensão e uma disciplina obrigatória do Curso de Letras de uma universidade pública. Para a análise, optou-se pelo paradigma indiciário (GINZBURG, 1991) a fim de identificar pistas linguísticas para a análise dos gestos do escrevente na produção do gênero resenha. Verificou-se, assim, por meio das escolhas lexicais e também da estrutura das resenhas produzidas, um trânsito na escrita do escrevente entre a redação de vestibular e a resenha, uma vez que ora se apresentou um diálogo com as práticas de letramentos escolares típicas da educação básica, ora com as práticas de escrita do contexto universitário. Tal aspecto reforça a ideia de que o trabalho com a escrita, de um modo geral, deveria se distanciar da noção de linguagem como adequação ao modelo para dar lugar à concepção de escrita como processo e à linguagem como acontecimento. Conclui-se que as ruínas de um gênero em outro podem se configurar um recurso positivo para a construção da prática de escrita do gênero resenha e, consequentemente, das práticas de letramentos desse escrevente.