{"title":"Um poeta nosso: a luta por Os Lusíadas após a morte de Camões","authors":"Miguel Ángel Martínez","doi":"10.11606/issn.2175-3180.v15i29p108-136","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Ao estudar algumas das primeiras traduções para o inglês e para o espanhol de Os Lusíadas, de Luís de Camões, este artigo explora a luta política e cultural pelo significado e propriedade da épica portuguesa no início da Modernidade europeia. Pouco depois da morte do poeta, duas versões castelhanas do poema foram publicadas em 1580, o mesmo ano da anexação de Portugal e seus territórios além-mar por Felipe II à sua nova monarquia global. Em 1655, alguns anos após a revolta portuguesa contra o domínio espanhol, o poeta monarquista Richard Fanshawe publicou a primeira tradução inglesa de Os Lusíadas em um cenário de cada vez mais políticas intervencionistas do Protetorado Britânico com relação ao conflito nacional e imperial entre os reinos ibéricos. Ao permitir a produção, redistribuição e novo consumo de capital literário, a tradução torna-se uma prática textual especificamente imperial que faz parte da competição internacional por hegemonia política e cultural. Este artigo, portanto, busca fornecer a base para a geopolítica da luta cultural imperial em torno de Os Lusíadas no início da Modernidade europeia.","PeriodicalId":204169,"journal":{"name":"Revista Desassossego","volume":"288 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Desassossego","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p108-136","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Ao estudar algumas das primeiras traduções para o inglês e para o espanhol de Os Lusíadas, de Luís de Camões, este artigo explora a luta política e cultural pelo significado e propriedade da épica portuguesa no início da Modernidade europeia. Pouco depois da morte do poeta, duas versões castelhanas do poema foram publicadas em 1580, o mesmo ano da anexação de Portugal e seus territórios além-mar por Felipe II à sua nova monarquia global. Em 1655, alguns anos após a revolta portuguesa contra o domínio espanhol, o poeta monarquista Richard Fanshawe publicou a primeira tradução inglesa de Os Lusíadas em um cenário de cada vez mais políticas intervencionistas do Protetorado Britânico com relação ao conflito nacional e imperial entre os reinos ibéricos. Ao permitir a produção, redistribuição e novo consumo de capital literário, a tradução torna-se uma prática textual especificamente imperial que faz parte da competição internacional por hegemonia política e cultural. Este artigo, portanto, busca fornecer a base para a geopolítica da luta cultural imperial em torno de Os Lusíadas no início da Modernidade europeia.