Washington Luiz Santos Ferreira, Eliane Renata Steuck, Eliane Almeida de Souza
{"title":"búzios nas culturas e religiões de matriz africana","authors":"Washington Luiz Santos Ferreira, Eliane Renata Steuck, Eliane Almeida de Souza","doi":"10.34024/hydra.2021.v5.12382","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Nas comunidades de diferentes grupos étnicos do “continente-mãe” África e seus descendentes (nas suas múltiplas diásporas), destaca-se a apropriação e intenso uso de carapaças calcárias de gastrópodes marinhos (“búzios”). Neste ensaio transdisciplinar, por meio da revisão e análise bibliográfica, imergimos em duas dimensões complementares: a) os diferentes papéis ou funções atribuídas aos “búzios” por culturas e religiões de matriz africana, no continente originário e em sua diáspora no Brasil; b) distribuição biogeográfica das espécies de “búzios” mais utilizados neste contexto. Tentamos reconstruir um panorama historiográfico de algumas das conexões ecológico/culturais e das implicações, associadas aos “búzios” nas culturas e religiões de matriz africana. Os principais usos de 21 espécies de “búzios” foram agrupados em 03 categorias: a) Iniciação, assentamento e pertencimento à identidade cultural/religiosa; b) Oracular (o “jogo de búzios”); c) como moeda, nas trocas comerciais interétnicas. A distribuição geográfica foi definida entre o Mediterrâneo, Indo-Pacífico, Oceano Pacífico, Caribe e Oceano Atlântico. Procuramos traçar conexões entre estes dados e diversas áreas e campos específicos das Ciências da Natureza, como potenciais aportes para constituição de conteúdos e metodologias para a ERER – Educação para as Relações Étnico-Raciais, discutindo equívocos interpretativos e campos promissores. Além de um exercício de pesquisa, compreendemos este ensaio como um esforço na discussão de cenários e processos socioambientais e político-econômicos ocultados pela historiografia oficial, repetidos aos estudantes de todos os níveis de escolaridade e, ousamos sugerir - caminhos epistemológicos -, considerando o potente “diálogo de saberes” que se encontra impregnado nos “búzios” marinhos, com temáticas que se entrelaçam e convergem entre si. Tal exercício pode ser bastante profícuo, e adaptado a ouros temas, na análise da História através das diversas Ciências, como contribuição ao adensamento crítico nos conteúdos e propostas pedagógicas para/na ERER. \nPalavras-chave: Búzios; Culturas e Religiões Afro-Brasileiras; Interações Ecológico-Culturais.","PeriodicalId":426794,"journal":{"name":"Revista Hydra: Revista Discente de História da UNIFESP","volume":"99 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-09-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Hydra: Revista Discente de História da UNIFESP","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.34024/hydra.2021.v5.12382","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Nas comunidades de diferentes grupos étnicos do “continente-mãe” África e seus descendentes (nas suas múltiplas diásporas), destaca-se a apropriação e intenso uso de carapaças calcárias de gastrópodes marinhos (“búzios”). Neste ensaio transdisciplinar, por meio da revisão e análise bibliográfica, imergimos em duas dimensões complementares: a) os diferentes papéis ou funções atribuídas aos “búzios” por culturas e religiões de matriz africana, no continente originário e em sua diáspora no Brasil; b) distribuição biogeográfica das espécies de “búzios” mais utilizados neste contexto. Tentamos reconstruir um panorama historiográfico de algumas das conexões ecológico/culturais e das implicações, associadas aos “búzios” nas culturas e religiões de matriz africana. Os principais usos de 21 espécies de “búzios” foram agrupados em 03 categorias: a) Iniciação, assentamento e pertencimento à identidade cultural/religiosa; b) Oracular (o “jogo de búzios”); c) como moeda, nas trocas comerciais interétnicas. A distribuição geográfica foi definida entre o Mediterrâneo, Indo-Pacífico, Oceano Pacífico, Caribe e Oceano Atlântico. Procuramos traçar conexões entre estes dados e diversas áreas e campos específicos das Ciências da Natureza, como potenciais aportes para constituição de conteúdos e metodologias para a ERER – Educação para as Relações Étnico-Raciais, discutindo equívocos interpretativos e campos promissores. Além de um exercício de pesquisa, compreendemos este ensaio como um esforço na discussão de cenários e processos socioambientais e político-econômicos ocultados pela historiografia oficial, repetidos aos estudantes de todos os níveis de escolaridade e, ousamos sugerir - caminhos epistemológicos -, considerando o potente “diálogo de saberes” que se encontra impregnado nos “búzios” marinhos, com temáticas que se entrelaçam e convergem entre si. Tal exercício pode ser bastante profícuo, e adaptado a ouros temas, na análise da História através das diversas Ciências, como contribuição ao adensamento crítico nos conteúdos e propostas pedagógicas para/na ERER.
Palavras-chave: Búzios; Culturas e Religiões Afro-Brasileiras; Interações Ecológico-Culturais.