{"title":"Engano e pacto ficcional: farsa e metateatro no Auto d’El-Rei Seleuco, de Luís de Camões","authors":"Marina Gialluca Domene","doi":"10.11606/issn.2175-3180.v15i29p330-342","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Quando discutimos metateatro e o “teatro dentro do teatro”, comumente pensa-se no Siglo de Oro espanhol ou em William Shakespeare, na Inglaterra. Encontramos registros de metateatro, entretanto, desde o século XVI. Em Portugal, os Quinhentos já traziam ao menos seis peças com este recurso. O presente artigo pretende debruçar-se sobre as aproximações entre a forma dramática da farsa e o metateatro no Auto d’el-Rei Seleuco, escrito por Luís de Camões, cuja data de encenação é incerta, mas sabe-se ter ocorrido na segunda metade do século XVI. A trama principal da peça — referente a Seleuco I Nicátor e sua família — tem pouquíssimos elementos pertinentes à farsa. Observa-se, entretanto, a presença de um episódio bastante característico desta forma teatral na primeira parte, um trecho de pouco mais de 200 versos que anuncia a trama principal. Aqui, em uma breve preparação para a peça que se segue, vemos uma espécie de engano tipicamente farsesco, em um episódio que traz à cena os preparativos para a representação principal, discutindo o fazer dramático e, portanto, só pode ser chamado de metateatral. Desta forma, propomos neste artigo discutir se os elementos de farsa ajudam a construir a atmosfera de “teatro dentro do teatro” percebida no texto, baseando-nos sobretudo nos escritos de Márcio Muniz (2015; 2019), entre outros autores, para dar suporte ao debate que ora propomos.","PeriodicalId":204169,"journal":{"name":"Revista Desassossego","volume":"55 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Desassossego","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i29p330-342","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Quando discutimos metateatro e o “teatro dentro do teatro”, comumente pensa-se no Siglo de Oro espanhol ou em William Shakespeare, na Inglaterra. Encontramos registros de metateatro, entretanto, desde o século XVI. Em Portugal, os Quinhentos já traziam ao menos seis peças com este recurso. O presente artigo pretende debruçar-se sobre as aproximações entre a forma dramática da farsa e o metateatro no Auto d’el-Rei Seleuco, escrito por Luís de Camões, cuja data de encenação é incerta, mas sabe-se ter ocorrido na segunda metade do século XVI. A trama principal da peça — referente a Seleuco I Nicátor e sua família — tem pouquíssimos elementos pertinentes à farsa. Observa-se, entretanto, a presença de um episódio bastante característico desta forma teatral na primeira parte, um trecho de pouco mais de 200 versos que anuncia a trama principal. Aqui, em uma breve preparação para a peça que se segue, vemos uma espécie de engano tipicamente farsesco, em um episódio que traz à cena os preparativos para a representação principal, discutindo o fazer dramático e, portanto, só pode ser chamado de metateatral. Desta forma, propomos neste artigo discutir se os elementos de farsa ajudam a construir a atmosfera de “teatro dentro do teatro” percebida no texto, baseando-nos sobretudo nos escritos de Márcio Muniz (2015; 2019), entre outros autores, para dar suporte ao debate que ora propomos.
当我们讨论元剧场和“剧场中的剧场”时,我们通常会想到西班牙的Siglo de Oro或英国的威廉·莎士比亚。然而,自16世纪以来,我们发现了元剧场的记录。在葡萄牙,500人已经带了至少6件带有这种功能的作品。本文旨在探讨路易斯·德·camoes所著的《塞琉古的Auto d ' el-Rei seleucus》中闹剧的戏剧形式与元剧场之间的相似之处,其上演日期尚不确定,但已知发生在16世纪下半叶。该剧的主要情节围绕着塞勒库斯·尼喀托和他的家人展开,几乎没有与该剧相关的元素。然而,我们注意到,在第一部分中有一个相当典型的情节,一个200多节的片段宣布了主要情节。在这里,在为接下来的戏剧做的简短准备中,我们看到了一种典型的闹剧欺骗,在一集里,主要表演的准备工作被带到现场,讨论戏剧的制作,因此只能被称为元剧场。因此,我们建议在本文中讨论闹剧元素是否有助于构建文本中感知到的“戏剧中的戏剧”氛围,主要基于marcio Muniz (2015;2019年),以及其他作者,以支持我们现在提出的辩论。