Apresentação

D. Castro
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Abstract

Em meados do século XIX, Hegel, em sua Filosofia da história, assim se referia à África: “[ela] não faz parte da história do mundo. Não tem [...] progressos a mostrar, movimentos históricos próprios” (HEGEL, 1995, p. 174). Segundo esta visão, o continente africano, sobretudo a região subsaariana, não poderia ser historicizado, estando relegado a aparecer como figurante de um passado centrado na Europa. A negação de uma história africana, ou a descrença na possibilidade de escrevê-la, ainda encontrava eco nos meios acadêmicos em meados do século XX, como demonstra Fage (2011, p. 8-9), ao reproduzir a fala do famoso professor de Oxford, Sir Hugh TrevorHoper, que afirmara, em 1963, não haver uma História da África, mas tão somente a dos europeus no continente. Seguindo as considerações do historiador guineense Carlos Lopes (1995), em artigo intitulado A pirâmide invertida: historiografia africana feita por africanos, existiram três grandes correntes de interpretação histórica acerca da África, relacionadas a contextos políticos diversos: a denominada corrente da inferioridade, identificada com o período colonial em África; e da superioridade, associada ao pan-africanismo e à descolonização; e os novos estudos acerca do continente, que se aproximam, em grande medida, de perspectivas interpretativas pós-coloniais. A corrente da inferioridade africana, fruto de décadas de dominação colonial, teria como importante marco teórico o paradigma hegeliano, que marginalizava a história do continente negro, pensando-a como um apêndice da europeia. Já a corrente da superioridade, emergente no percurso da descolonização, buscou promover a valorização da História da África, sem, contudo, romper com categorias tradicionais e com a própria dicotomia colonizador/colonizado, sendo, por isso, representada, por Lopes (1995), como a que exprimia o modelo da pirâmide invertida, refutando o discurso colonial e o substituindo por um similar nacionalista.1
提交
19世纪中期,黑格尔在他的历史哲学中这样提到非洲:“非洲不是世界历史的一部分。它没有[…]要显示的进步,它自己的历史运动”(黑格尔,1995,第174页)。根据这种观点,非洲大陆,特别是撒哈拉以南地区,不能被历史化,因为它被降级为以欧洲为中心的过去的旁观者。非洲历史的剥夺,或者不信写的可能,还反映在学术界在20世纪中期,酸奶(2011,p . 8 - 9所示),当玩是休•TrevorHoper牛津大学著名教授,他说,在1963年,没有一个非洲的故事,但是只在欧洲大陆。根据几内亚历史学家卡洛斯·洛佩斯(Carlos Lopes, 1995)在一篇题为《倒金字塔:非洲人所做的非洲史学》的文章中所作的考虑,关于非洲的历史解释有三种主要的趋势,与不同的政治背景有关:所谓的自卑感趋势,与非洲殖民时期相一致;以及与泛非主义和非殖民化有关的优越性;以及对非洲大陆的新研究,在很大程度上接近后殖民解释视角。非洲自卑的潮流,几十年殖民统治的结果,将黑格尔范式作为一个重要的理论框架,它边缘化了非洲大陆的历史,认为它是欧洲的附录。当前新兴的优势,已经在非殖民化的路线,寻求促进非洲的历史上,没有升值,然而,打破传统分类和自己的个性殖民者/殖民统治,因此,洛佩斯(1995)的代表,如倒金字塔的模型,发表演讲表示殖民和类似的替换nacionalista.1
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