{"title":"Das leis fonéticas à sincronia: percurso e implicações possíveis em Ferdinand de Saussure","authors":"Raul de Carvalho Rocha, N. Faria","doi":"10.25189/rabralin.v20i3.1928","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Propomo-nos com este trabalho a discutir os possíveis desdobramentos dos estudos sobre as leis fonéticas para a formulação do conceito de sincronia na Linguística saussuriana. Partindo da premissa de Milner (2012[1978]; 2021[1995]) de que há uma continuidade entre o pensamento de Ferdinand de Saussure e a Gramática Comparada, assumimos a hipótese de que a formulação do conceito de lei fonética no âmbito da Linguística do fim do século XIX permitiu a Saussure conceber a a-substancialidade da entidade linguística e, a partir desta, conceituar a sincronia. Esta é uma pesquisa de natureza teórica dividida entre duas perspectivas de análise: a primeira, externa à obra saussuriana, é voltada para as condições teóricas do saber linguístico disseminado no fim do século XIX, cujo corpus é a clássica obra de Hermann Paul, Princípios fundamentais da história da língua (1880). Nesta, encontramos uma “síntese” das concepções da Escola Neogramática, que constitui o contexto de emergência do pensamento saussuriano; a segunda, interna à produção de Saussure, pretende recuperar os indícios textuais da formulação do conceito de sincronia nas conferências proferidas pelo autor na Universidade de Genebra (1891) e no Curso de Linguística Geral (1916), embora não se limite a estas obras. Concluímos que as reflexões teóricas em torno das leis fonéticas e o tratamento metodológico utilizado pelos linguistas oitocentistas para estabelecê-las encaminharam Saussure para a compreensão da natureza a-substancial da língua e de seu funcionamento sincrônico, e permitiram ao autor fornecer as condições conceituais que autorizam a Gramática Comparada como uma Ciência Moderna","PeriodicalId":298582,"journal":{"name":"Revista da ABRALIN","volume":"265 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista da ABRALIN","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.25189/rabralin.v20i3.1928","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Propomo-nos com este trabalho a discutir os possíveis desdobramentos dos estudos sobre as leis fonéticas para a formulação do conceito de sincronia na Linguística saussuriana. Partindo da premissa de Milner (2012[1978]; 2021[1995]) de que há uma continuidade entre o pensamento de Ferdinand de Saussure e a Gramática Comparada, assumimos a hipótese de que a formulação do conceito de lei fonética no âmbito da Linguística do fim do século XIX permitiu a Saussure conceber a a-substancialidade da entidade linguística e, a partir desta, conceituar a sincronia. Esta é uma pesquisa de natureza teórica dividida entre duas perspectivas de análise: a primeira, externa à obra saussuriana, é voltada para as condições teóricas do saber linguístico disseminado no fim do século XIX, cujo corpus é a clássica obra de Hermann Paul, Princípios fundamentais da história da língua (1880). Nesta, encontramos uma “síntese” das concepções da Escola Neogramática, que constitui o contexto de emergência do pensamento saussuriano; a segunda, interna à produção de Saussure, pretende recuperar os indícios textuais da formulação do conceito de sincronia nas conferências proferidas pelo autor na Universidade de Genebra (1891) e no Curso de Linguística Geral (1916), embora não se limite a estas obras. Concluímos que as reflexões teóricas em torno das leis fonéticas e o tratamento metodológico utilizado pelos linguistas oitocentistas para estabelecê-las encaminharam Saussure para a compreensão da natureza a-substancial da língua e de seu funcionamento sincrônico, e permitiram ao autor fornecer as condições conceituais que autorizam a Gramática Comparada como uma Ciência Moderna