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Abstract
A dor do ponto de vista clínico é definida como estímulo e resposta a partir de fenômeno biológicos complexos e subjetivos nas dimensões sensorial-discriminativa, afetivo-motivacional e cognitivo-avaliativo. Sua definição tem sido um desafio ao longo da história, desde a sua percepção como uma experiência espiritual e mística nos primórdios tempos, até o seu entendimento em termos biológicos como uma sensação física e mecânica que passa pelas fibras e alcança o cérebro. A dor é um efeito extremamente necessário uma vez que é um sinal de alarme de que algum dano ou lesão está ocorrendo, embora a dor possa também estar presente na ausência de qualquer estímulo, dano ou doença detectável. Preponderantemente a dor é eliminada uma vez que o estímulo nocivo é removido, no entanto, a dor pode persistir apesar da remoção do estímulo e cicatrização aparente do tecido sendo denominada de dor crônica, com influência multidimensional. O limiar de dor fisiológico é definido como o ponto ou momento em que um dado estímulo é reconhecido como doloroso, o que pode variar de um indivíduo para o outro, e ainda estar associado as experiências prévias com lesão tecidual real ou potencial e a fatores psicológicos. Dessa forma, esta análise aborda a etimologia, histórico e evolução na concepção da definição da dor do ponto de vista clínico baseada na antiga e recente definição de dor pela Associação Internacional para Estudos da Dor frente ao contexto biológico que inevitavelmente é influenciado pelas condições psicossociais. Pode-se finalmente, estabelecer que há fortes indícios de associação entre lesão tissular e dor biológica com o sofrimento, comportamentos dolorosos e incapacidade. É evidente que o sofrimento e o comportamento originados a partir da dor do ponto de vista clínico, não se devem inteiramente à nocicepção originada por uma lesão tissular, pois os comportamentos dolorosos podem perpetuar-se em decorrência de fatores ambientais e de influências que não podem ser objetivamente avaliadas. A partir desse contexto, os bons programas de controle de dor devem ter uma abordagem cognitivo-comportamental e incorporar estratégias terapêuticas físicas, farmacológicas e psicológicas. Nenhum tratamento isolado é tão eficaz para a redução da dor crônica refratária como a conduta multidisciplinar.