{"title":"Jornalismo e Reprodução de Estereótipos","authors":"Pablo de Oliveira Lopes","doi":"10.56242/revistaveredas;2019;2;3;154","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A presente pesquisa, de caráter interdisciplinar, analisa como a atividade jornalística participa da reprodução de estereótipos e de que maneira pode contribuir para a manutenção de preconceitos e convenções sociais relacionados aos homossexuais no Brasil da década de 1980. Por meio da identificação de textos e imagens voltados aos homossexuais e à AIDS, publicados no jornal O Globo, procuramos verificar a presença de estereótipos ou fatos que possam caracterizar a formação de preconceitos em relação aos sujeitos da pesquisa, no discurso jornalístico, e analisar como se dá a construção dos estereótipos, compreendendo as condições materiais e mentais em que são forjados. O jornal O Globo constitui a fonte selecionada para o desenvolvimento da pesquisa devido à influência que exerce sobre o discurso da imprensa brasileira. O Globo está entre os veículos de maior circulação no país e ocupa, portanto, posição importante na divulgação das notícias, na reprodução de estereótipos e na disseminação de preconceitos. Apesar de ser publicado no Rio de Janeiro, a penetração em outros estados brasileiros transporta a retórica de seus jornalistas para diversas regiões do território nacional. A retórica do preconceito é uma das formas de manifestação do discurso social. A linguagem é capaz de nos apresentar os papéis desempenhados pelos indivíduos em uma sociedade e pode constituir-se em uma forma de representação mental. Pode-se desenvolver um estudo com base no inventário cronológico dos vocábulos, buscando seu significado de acordo com os valores impostos pelo discurso discriminatório de quem os utiliza. O estudo do léxico pode indicar a mentalidade de uma determinada época. Sendo assim, a reflexão sobre os textos publicados no jornal impresso recairá sobre a semântica das palavras. Palavras assumem conotações distintas na dependência do contexto em que são empregadas e da ideologia de quem as usa. Noções, conceitos, comportamentos, atitudes e políticas públicas são influenciados por discursos, cujas estruturas dependem dos vocábulos usados e do que significam. Isso se aplica à disseminação de preconceitos e de estereótipos sobre determinados grupos populacionais, como é o caso dos gays. A partir dessa premissa, propõe-se a análise dos textos jornalísticos da década de 1980, considerando-se a abordagem dispensada à AIDS e aos homossexuais, naquele período histórico, a partir da desconstrução dos discursos, como sistematizado por Tucci Carneiro (1994).","PeriodicalId":186225,"journal":{"name":"Veredas - Revista Interdisciplinar de Humanidades","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-07-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Veredas - Revista Interdisciplinar de Humanidades","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.56242/revistaveredas;2019;2;3;154","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
A presente pesquisa, de caráter interdisciplinar, analisa como a atividade jornalística participa da reprodução de estereótipos e de que maneira pode contribuir para a manutenção de preconceitos e convenções sociais relacionados aos homossexuais no Brasil da década de 1980. Por meio da identificação de textos e imagens voltados aos homossexuais e à AIDS, publicados no jornal O Globo, procuramos verificar a presença de estereótipos ou fatos que possam caracterizar a formação de preconceitos em relação aos sujeitos da pesquisa, no discurso jornalístico, e analisar como se dá a construção dos estereótipos, compreendendo as condições materiais e mentais em que são forjados. O jornal O Globo constitui a fonte selecionada para o desenvolvimento da pesquisa devido à influência que exerce sobre o discurso da imprensa brasileira. O Globo está entre os veículos de maior circulação no país e ocupa, portanto, posição importante na divulgação das notícias, na reprodução de estereótipos e na disseminação de preconceitos. Apesar de ser publicado no Rio de Janeiro, a penetração em outros estados brasileiros transporta a retórica de seus jornalistas para diversas regiões do território nacional. A retórica do preconceito é uma das formas de manifestação do discurso social. A linguagem é capaz de nos apresentar os papéis desempenhados pelos indivíduos em uma sociedade e pode constituir-se em uma forma de representação mental. Pode-se desenvolver um estudo com base no inventário cronológico dos vocábulos, buscando seu significado de acordo com os valores impostos pelo discurso discriminatório de quem os utiliza. O estudo do léxico pode indicar a mentalidade de uma determinada época. Sendo assim, a reflexão sobre os textos publicados no jornal impresso recairá sobre a semântica das palavras. Palavras assumem conotações distintas na dependência do contexto em que são empregadas e da ideologia de quem as usa. Noções, conceitos, comportamentos, atitudes e políticas públicas são influenciados por discursos, cujas estruturas dependem dos vocábulos usados e do que significam. Isso se aplica à disseminação de preconceitos e de estereótipos sobre determinados grupos populacionais, como é o caso dos gays. A partir dessa premissa, propõe-se a análise dos textos jornalísticos da década de 1980, considerando-se a abordagem dispensada à AIDS e aos homossexuais, naquele período histórico, a partir da desconstrução dos discursos, como sistematizado por Tucci Carneiro (1994).