{"title":"O presente peronista: “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa” no discurso populista de Juan Domingo Perón (1946-1955)","authors":"Ana Laura Galvão Batista","doi":"10.11606/issn.1676-6288.prolam.2023.201129","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente trabalho analisa a inserção particular do peronismo argentino (1946-1955) no regime de temporalidade moderno concebido pelo historiador Reinhart Koselleck a partir da identificação de dissonâncias temporais próprias do período e que precisavam ser consideradas nos discursos oficiais para se garantir a manutenção da hegemonia populista do regime. Em um primeiro momento, será apresentada uma breve articulação do que consideramos como as contribuições essenciais da metafísica do tempo histórico de Reinhart Koselleck para os estudos temporais, assim como a revisão crítica desse pensamento tradicional desdobrada por Stefan Helgesson no âmbito da historiografia pós-colonial. Nessa perspectiva, em seguida, identificaremos as “heterocronias”, ou seja, as conversões temporais do discurso populista de Juan Domingo Perón nos documentos oficiais, as quais possibilitariam deslocamentos específicos entre o “espaço de experiência” e o “horizonte de expectativa” dos argentinos. Como resultado, identificamos uma temporalidade na qual o presente é destacado como o tempo das mudanças e das realizações sociais, rompendo com um “antes” oligárquico de exploração e cosmopolitismo e se estabelecendo um futuro determinado e planejado pelo “agora” peronista. Tal análise, então, permite-nos conceber a Argentina sob Perón como um exemplo de modernidade alternativa.","PeriodicalId":194052,"journal":{"name":"Cadernos Prolam/USP","volume":"94 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-07-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos Prolam/USP","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2023.201129","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O presente trabalho analisa a inserção particular do peronismo argentino (1946-1955) no regime de temporalidade moderno concebido pelo historiador Reinhart Koselleck a partir da identificação de dissonâncias temporais próprias do período e que precisavam ser consideradas nos discursos oficiais para se garantir a manutenção da hegemonia populista do regime. Em um primeiro momento, será apresentada uma breve articulação do que consideramos como as contribuições essenciais da metafísica do tempo histórico de Reinhart Koselleck para os estudos temporais, assim como a revisão crítica desse pensamento tradicional desdobrada por Stefan Helgesson no âmbito da historiografia pós-colonial. Nessa perspectiva, em seguida, identificaremos as “heterocronias”, ou seja, as conversões temporais do discurso populista de Juan Domingo Perón nos documentos oficiais, as quais possibilitariam deslocamentos específicos entre o “espaço de experiência” e o “horizonte de expectativa” dos argentinos. Como resultado, identificamos uma temporalidade na qual o presente é destacado como o tempo das mudanças e das realizações sociais, rompendo com um “antes” oligárquico de exploração e cosmopolitismo e se estabelecendo um futuro determinado e planejado pelo “agora” peronista. Tal análise, então, permite-nos conceber a Argentina sob Perón como um exemplo de modernidade alternativa.