{"title":"Abstração e crítica de arte no diálogo Brasil-Japão (1950-1960)","authors":"Victor Raphael Rente Vidal","doi":"10.20396/eha.vi14.3455","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em 1958, Mário Pedrosa passou seis meses na cidade de Tóquio como bolsista da UNESCO na condição de pesquisador visitante no Museu Nacional de Arte Moderna; a bolsa foi conquistada como prêmio oferecido durante o Congresso de Críticos de Arte que ocorreu em Brasília. Durante esse período, Pedrosa estudou as influências da caligrafia sino-japonesa na arte abstrata europeia, organizou uma exposição no próprio Museu Nacional sobre a arquitetura de Brasília e escreveu sobre sua experiência com críticos e artistas japoneses em sua coluna no Jornal do Brasil. No artigo “Arte – Japão & Ocidente”, Pedrosa apresenta aos leitores da sua coluna algumas impressões das exposições que visitou em Tóquio durante o mês de setembro daquele ano. O crítico inicia seus comentários atentando para uma mostra de arte gráfica e revela o desejo de que o evento ocorra também no Brasil, uma vez que ele acredita que as obras apresentadas, sobretudo os cartazes, seriam preciosas para os artistas brasileiros. “Nela [na exposição], todo o rico senso ornamental do japonês está presente, bem como seu insuperável poder inventivo. Os nossos jovens concretistas veriam nela muita coisa que andam fazendo”2. Após destinar alguns parágrafos do texto para comentar como o Japão estaria perto de realizar uma integração das artes na sociedade, Pedrosa volta sua atenção para as exposições que visitou e centra seus comentários naquela que foi a exposição “(...) mais fraca de quantas já vi em Tóquio”3. Trata-se da mostra “A arte internacional de uma nova era – Informal e Gutai”, curada por Michel Tapié e Jiro Yoshihara. A mostra foi composta por três núcleos, uma centrada nos artistas do grupo Gutai (1954-1972, Osaka), outra voltada aos artistas norte-americanos e uma terceira reunindo artistas europeus. O desagrado de Pedrosa em relação à exposição é notório desde o principio ao se referir a Tapié como um “desses parisienses espertos que, (...), inventam ‘ismos’ e descobrem ‘gênios’ todos os dias”4. Sobre os artistas do grupo Gutai, Pedrosa não é mais lisonjeiro: “Os japoneses","PeriodicalId":305074,"journal":{"name":"Atas do 14º...","volume":"23 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-12-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Atas do 14º...","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20396/eha.vi14.3455","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Em 1958, Mário Pedrosa passou seis meses na cidade de Tóquio como bolsista da UNESCO na condição de pesquisador visitante no Museu Nacional de Arte Moderna; a bolsa foi conquistada como prêmio oferecido durante o Congresso de Críticos de Arte que ocorreu em Brasília. Durante esse período, Pedrosa estudou as influências da caligrafia sino-japonesa na arte abstrata europeia, organizou uma exposição no próprio Museu Nacional sobre a arquitetura de Brasília e escreveu sobre sua experiência com críticos e artistas japoneses em sua coluna no Jornal do Brasil. No artigo “Arte – Japão & Ocidente”, Pedrosa apresenta aos leitores da sua coluna algumas impressões das exposições que visitou em Tóquio durante o mês de setembro daquele ano. O crítico inicia seus comentários atentando para uma mostra de arte gráfica e revela o desejo de que o evento ocorra também no Brasil, uma vez que ele acredita que as obras apresentadas, sobretudo os cartazes, seriam preciosas para os artistas brasileiros. “Nela [na exposição], todo o rico senso ornamental do japonês está presente, bem como seu insuperável poder inventivo. Os nossos jovens concretistas veriam nela muita coisa que andam fazendo”2. Após destinar alguns parágrafos do texto para comentar como o Japão estaria perto de realizar uma integração das artes na sociedade, Pedrosa volta sua atenção para as exposições que visitou e centra seus comentários naquela que foi a exposição “(...) mais fraca de quantas já vi em Tóquio”3. Trata-se da mostra “A arte internacional de uma nova era – Informal e Gutai”, curada por Michel Tapié e Jiro Yoshihara. A mostra foi composta por três núcleos, uma centrada nos artistas do grupo Gutai (1954-1972, Osaka), outra voltada aos artistas norte-americanos e uma terceira reunindo artistas europeus. O desagrado de Pedrosa em relação à exposição é notório desde o principio ao se referir a Tapié como um “desses parisienses espertos que, (...), inventam ‘ismos’ e descobrem ‘gênios’ todos os dias”4. Sobre os artistas do grupo Gutai, Pedrosa não é mais lisonjeiro: “Os japoneses