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Abstract
Traço fundamental em todas as religiões, a oralidade e a memória se constituíram como meios de preservação e de transmissão de narrativas que estruturavam as próprias sociedades organizadas em torno do sagrado. Desde o mundo antigo, as narrativas míticas foram os conteúdos de sentido portadores de uma dada racionalidade que, por meio da linguagem e das representações rituais, compuseram parte das memórias socialmente estabelecidas pelos grupos sociais. Junto aos escritos e aos textos revelados fundantes das suas tradições, a oralidade e a memória percorreram os tempos formando sentidos ora complementares, ora concorrentes aos escritos sagrados, aos rituais, às tradições e às experiências religiosas. Daí a relação entre essas memórias e as espiritualidades, que tiveram, invariavelmente, a presença das mulheres como agentes e sujeitos responsáveis pela preservação, transmissão e ressignificação, a partir dos seus lugares e dos seus papéis sociais desempenhados em cada sociedade. O intento deste capítulo é, principalmente, apresentar as espiritualidades femininas dentro do universo religioso protestante, convergindo para exemplos de mulheres que expressaram com relevância um tipo de espiritualidade nesse segmento religioso, embora delimitadas às condições que lhes eram impostas por uma sociedade patriarcal. Contudo, uma pequena discussão sobre a relação entre o feminino e a espiritualidade em algumas das principais tradições religiosas precede a apresentação das mulheres protestantes como representantes de uma espiritualidade vivenciada em diferentes tempos e contextos. Discorro inicialmente sobre esse feminino na história em sua direta relação com o religioso, o sagrado e a espiritualidade, problematizando a partir da história das religiões, essa presença fundamental nas experiências e nas vivên-