{"title":"UMA DEMOCRACIA EM COLAPSO: O ESGOTAMENTO DO POSSÍVEL E A EXPERIÊNCIA ÉTICA","authors":"Édio Raniére, C. Maraschin","doi":"10.17648/IHGP.V4I02.106","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Vivemos no Brasil uma especie de descredito com relacao a algumas das nossas experiencias coletivas. A promulgacao da Constituicao Cidada em 1988 levou uma grande parcela da nossa populacao acreditar que haviamos construido um patamar minimo de institucionalidade, a partir do qual novas potencias poderiam ser efetuadas. Contudo, em menos de trinta anos assistimos essa crenca ser desconstruida. Concomitantemente ao cenario nacional, parece estar em curso, em muitos paises, uma onda conservadora que vem colocando em xeque o proprio regime democratico. Nessa circunstância uma irremediavel questao se impoe: a democracia estaria entrando em colapso? Para alem da perplexidade, paralisia e angustia, muitas vezes experienciadas em momentos de desmonte, alguns pensadores e cientistas afirmam que sao justamente os momentos de breakdown, como o que estamos atravessando, que se apresentam gravidos de virtuais. Virtuais, pois nao se trata de buscar pelo possivel da possibilidade – o qual previamente se coloca a disposicao como escolha – mas se perguntar pelo possivel da potencia. A questao pode entao ser reposicionada: em que medida as insurreicoes que estamos vivendo criam condicoes de possibilidade para que a experiencia etica seja tomada em primeiro plano, e nao mais a reboque do projeto/modelo politico a ser atingido, escolhido, selecionado? Assim, a aposta deste texto e a de permitir passagem a uma vida que vem – aberta pelo colapso e pelas insurreicoes em curso. Ou seja, a de problematizar o corpo democratico fazendo ressoar potencias de intercessores como Gilles Deleuze, Francisco Varela e Jacques Ranciere.","PeriodicalId":432018,"journal":{"name":"Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-08-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.17648/IHGP.V4I02.106","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Vivemos no Brasil uma especie de descredito com relacao a algumas das nossas experiencias coletivas. A promulgacao da Constituicao Cidada em 1988 levou uma grande parcela da nossa populacao acreditar que haviamos construido um patamar minimo de institucionalidade, a partir do qual novas potencias poderiam ser efetuadas. Contudo, em menos de trinta anos assistimos essa crenca ser desconstruida. Concomitantemente ao cenario nacional, parece estar em curso, em muitos paises, uma onda conservadora que vem colocando em xeque o proprio regime democratico. Nessa circunstância uma irremediavel questao se impoe: a democracia estaria entrando em colapso? Para alem da perplexidade, paralisia e angustia, muitas vezes experienciadas em momentos de desmonte, alguns pensadores e cientistas afirmam que sao justamente os momentos de breakdown, como o que estamos atravessando, que se apresentam gravidos de virtuais. Virtuais, pois nao se trata de buscar pelo possivel da possibilidade – o qual previamente se coloca a disposicao como escolha – mas se perguntar pelo possivel da potencia. A questao pode entao ser reposicionada: em que medida as insurreicoes que estamos vivendo criam condicoes de possibilidade para que a experiencia etica seja tomada em primeiro plano, e nao mais a reboque do projeto/modelo politico a ser atingido, escolhido, selecionado? Assim, a aposta deste texto e a de permitir passagem a uma vida que vem – aberta pelo colapso e pelas insurreicoes em curso. Ou seja, a de problematizar o corpo democratico fazendo ressoar potencias de intercessores como Gilles Deleuze, Francisco Varela e Jacques Ranciere.