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“O Brasileiro”: sociabilidade, categorização social e estatuto transnacionais oitocentistas
Já desde o período anterior à independência do Brasil que a figura do “brasileiro” ocupa um lugar importante na literatura portuguesa, ficcional e não ficcional. E desde sempre a qualificação acarretou a ideia de uma natureza intermediária entre dois mundos. No espaço da monarquia atlântica não havia portugueses e brasileiros, mas havia territórios bem distintos e o “brasileiro” era o português que ia residir para o território do Brasil e depois voltava, ou não, para o reino. No século XIX, a manutenção e renovação deste circuito migratório consolidou-se já num contexto internacional pós-colonial entre dois países independentes. Sobretudo na segunda metade do século, o significativo aumento do fluxo de circulação de pessoas reflectiu-se no incremento da presença do “brasileiro” nas representações literárias, nos debates da opinião pública e mesmo nas agendas políticas. Mas neste contexto, e considerando o passado colonial que unia Portugal e Brasil, o “brasileiro” não foi visto como um mero emigrante. Mas, de facto, como uma figura que continuava a fazer a mediação entre dois mundos, entre duas entidades nacionais, sem nunca corresponder à integridade da origem nem do destino: uma categoria social híbrida e, veremos, transnacional.
Palavras-chave: Portugal; Brasil; transnacionalismo; emigração; identidade nacional; categorização social.