{"title":"知识就是关系","authors":"Alejandro Haber","doi":"10.24885/sab.v35i1.957","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Por que a arqueologia deve ser colocada em quarentena? Qual seria o vírus que a arqueologia espalha sem que percebamos? É, por um lado, uma disciplina do conhecimento, uma ciência que, como todas elas, estabelece um distanciamento entre ela e o saber leigo. Ao mesmo tempo, trata-se de conhecimentos, acumulados ao longo de décadas e séculos por povos que, muitas vezes, foram colonizados por mecanismos que incluem, justamente, a subordinação de seus conhecimentos. A violência epistêmica não é alheia à função arqueológica, uma vez que definir o que é afirmado como conhecimento válido acarreta a negação implícita ou explícita de outros conhecimentos. Além disso, o conhecimento, isto é, o que é a arqueologia e também o sobre o que é a arqueologia, está tensionado em uma luta pelo que, não apenas a arqueologia, mas o conhecimento é. Não é só sobre esse ou aquele saber, sobre isso ou aquilo, mas também sobre o que consideramos ser conhecimento e, fundamentalmente, o que não é. Em suma, a colonialidade está estruturalmente alojada na função arqueológica como uma luta epistêmica, uma luta pelo metaconhecimento. Assim, a arqueologia não é apenas um conhecimento hegemônico sobre povos, culturas e histórias, muitas vezes subordinadas. Também contribui de forma decisiva para demarcar a compreensão hegemônica do conhecimento. Este texto não é sobre arqueologia, mas sobre o que é a arqueologia e o que não é a arqueologia: conhecimento ou, melhor ainda, metaconhecimento. ","PeriodicalId":51960,"journal":{"name":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","volume":"142 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.3000,"publicationDate":"2022-01-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"conhecimento é o relacionamento\",\"authors\":\"Alejandro Haber\",\"doi\":\"10.24885/sab.v35i1.957\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Por que a arqueologia deve ser colocada em quarentena? Qual seria o vírus que a arqueologia espalha sem que percebamos? É, por um lado, uma disciplina do conhecimento, uma ciência que, como todas elas, estabelece um distanciamento entre ela e o saber leigo. Ao mesmo tempo, trata-se de conhecimentos, acumulados ao longo de décadas e séculos por povos que, muitas vezes, foram colonizados por mecanismos que incluem, justamente, a subordinação de seus conhecimentos. A violência epistêmica não é alheia à função arqueológica, uma vez que definir o que é afirmado como conhecimento válido acarreta a negação implícita ou explícita de outros conhecimentos. Além disso, o conhecimento, isto é, o que é a arqueologia e também o sobre o que é a arqueologia, está tensionado em uma luta pelo que, não apenas a arqueologia, mas o conhecimento é. Não é só sobre esse ou aquele saber, sobre isso ou aquilo, mas também sobre o que consideramos ser conhecimento e, fundamentalmente, o que não é. Em suma, a colonialidade está estruturalmente alojada na função arqueológica como uma luta epistêmica, uma luta pelo metaconhecimento. Assim, a arqueologia não é apenas um conhecimento hegemônico sobre povos, culturas e histórias, muitas vezes subordinadas. Também contribui de forma decisiva para demarcar a compreensão hegemônica do conhecimento. Este texto não é sobre arqueologia, mas sobre o que é a arqueologia e o que não é a arqueologia: conhecimento ou, melhor ainda, metaconhecimento. \",\"PeriodicalId\":51960,\"journal\":{\"name\":\"Conimbriga-Revista de Arqueologia\",\"volume\":\"142 1\",\"pages\":\"\"},\"PeriodicalIF\":0.3000,\"publicationDate\":\"2022-01-15\",\"publicationTypes\":\"Journal Article\",\"fieldsOfStudy\":null,\"isOpenAccess\":false,\"openAccessPdf\":\"\",\"citationCount\":\"0\",\"resultStr\":null,\"platform\":\"Semanticscholar\",\"paperid\":null,\"PeriodicalName\":\"Conimbriga-Revista de Arqueologia\",\"FirstCategoryId\":\"1085\",\"ListUrlMain\":\"https://doi.org/10.24885/sab.v35i1.957\",\"RegionNum\":0,\"RegionCategory\":null,\"ArticlePicture\":[],\"TitleCN\":null,\"AbstractTextCN\":null,\"PMCID\":null,\"EPubDate\":\"\",\"PubModel\":\"\",\"JCR\":\"0\",\"JCRName\":\"ARCHAEOLOGY\",\"Score\":null,\"Total\":0}","platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Conimbriga-Revista de Arqueologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.24885/sab.v35i1.957","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"ARCHAEOLOGY","Score":null,"Total":0}
Por que a arqueologia deve ser colocada em quarentena? Qual seria o vírus que a arqueologia espalha sem que percebamos? É, por um lado, uma disciplina do conhecimento, uma ciência que, como todas elas, estabelece um distanciamento entre ela e o saber leigo. Ao mesmo tempo, trata-se de conhecimentos, acumulados ao longo de décadas e séculos por povos que, muitas vezes, foram colonizados por mecanismos que incluem, justamente, a subordinação de seus conhecimentos. A violência epistêmica não é alheia à função arqueológica, uma vez que definir o que é afirmado como conhecimento válido acarreta a negação implícita ou explícita de outros conhecimentos. Além disso, o conhecimento, isto é, o que é a arqueologia e também o sobre o que é a arqueologia, está tensionado em uma luta pelo que, não apenas a arqueologia, mas o conhecimento é. Não é só sobre esse ou aquele saber, sobre isso ou aquilo, mas também sobre o que consideramos ser conhecimento e, fundamentalmente, o que não é. Em suma, a colonialidade está estruturalmente alojada na função arqueológica como uma luta epistêmica, uma luta pelo metaconhecimento. Assim, a arqueologia não é apenas um conhecimento hegemônico sobre povos, culturas e histórias, muitas vezes subordinadas. Também contribui de forma decisiva para demarcar a compreensão hegemônica do conhecimento. Este texto não é sobre arqueologia, mas sobre o que é a arqueologia e o que não é a arqueologia: conhecimento ou, melhor ainda, metaconhecimento.